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By domingo, agosto 21, 2011 , , , ,

                   Insanidade.


Eu entrei naquela sala branca segurando meu diário já sabia o que aconteceria e sabia o que eu tinha que fazer para eles me deixarem sozinha, que era a única coisa que eu precisava no momento.
Me sentei na cadeira de frente para uma mulher de óculos que também vestia branco, ela estendeu a mão e pegou meu diário, disse que seria dela agora e eu não pude evitar de fazer uma cara feia para isso, toda minha vida estava escrita ali.
_Você sabe por que esta aqui?_ A mulher de branco perguntou enquanto me avaliava, eu vi pelo vidro da porta atrás dela pessoas me encarando, dentre elas meus pais, aqueles que me colocaram nesse lugar.
_Sim eu sei. Eu me cortei, eu escrevi coisas feias, eu humilhei pessoas, eu me fechei do mundo e eu machuquei alguém._ Eu falei confiante, sabia o que tinha feito e sabia as conseqüências, apenas não queria que me curassem, queria ser deixada de lado como sempre fui.
Me levantei e ouvi protestos dela, mas não liguei andei ate a porta por onde tinha vindo e antes de passar por ela ainda de costas falei:
_Não quero que me tratem, não quero mudar, quero apenas que me deixem em paz e sozinha.
Passei pela porta e um guarda veio para perto de mim eu acertei um chute em sua canela e um soco em sua cara arrancando uma caneta da sua farda, fiz isso porque sabia para onde teriam que me mandar. Para a solitária.
Já sabendo disso fui andando pelo corredor branco onde as pessoas olhavam para mim curiosas e parei em frente a uma sala totalmente lacrada e esperei abrirem a porta. A mulher de óculos chegou e a abriu e eu entrei sem hesitar olhando a cama no meio e as paredes brancas meio sujas o cenário perfeito para mim.
Eu me virei para a mulher que ainda não tinha ido e sorri um sorriso cínico por conseguir o que eu queria e ter sido tão fácil que nem precisei sujar minhas mãos. Ela se foi me analisando novamente e eu sabia que ela iria me causar muitos problemas.
Sentei no chão ao lado da cama peguei a caneta que tinha escondido e me passei a escrever no chão, coisas ofensivas, pensamentos meus e lembranças, no final da noite o chão estava todo coberto e ninguém podia ver o que eu fazia.
Na parede eu escrevi ‘Insanidade’ bem grande e com o sangue que eu tinha acabado de arrancar da minha perna com a caneta mesmo, era isso que eu era insana, doida, pirada, maluca, uma grande psicopata. Mas eu tinha motivos que para mim acabaram com minha vida, e eu não ligava, nunca gostei mesmo de viver, das pessoas, das regras.
Quando foram me tirar dali vão ver o que eu fiz e eu sabia que iriam ter que me castigar e eu soltei uma gargalhada com isso afinal era isso que eu merecia, castigo. Eu fiz coisas ruins para estar aqui, mas foram só para estar aqui meus pais não conseguiam mais conviver comigo e eu não conseguia conviver com eles e bom, eu queria ter paz finalmente.
Eu seria feliz aqui, é o meu lugar, o lugar para pessoas como eu. Eu não agüentava mais ter que todo dia acordar e ser julgada, eles não sabiam porquê eu era daquele jeito e o pior é que tentavam controlar a minha vida e foi assim que eu comecei a humilhá-los eu tinha algo que eles não tinham e alguém tinha que abrir os olhos deles para o mundo, desiludidos com a verdade e matar o seus mundinhos perfeitos.
Cantarolava uma musica desconhecida enquanto olhava para o teto branco, deitada no chão minha perna sangrava e eu não me importava, eu estava ali, eu estava sozinha e em minha cabeça existia um vazio que me reconfortava. Mas o vazio durou pouco, a musica chegou ao fim e imagens, flashes de tudo de ruim que eu tinha sofrido tudo que as pessoas que eu amava fizeram comigo, vi pessoas tentando me ajudar e eu as ignorando, eu vi eu mesma ali no chão sangrando ate a morte.
Eu gritei. Não era para isso acontecer, eu pensava que ali eu estaria salva, mas não, eu não estava e nunca estaria. Eu gritei novamente. Queria parar de sentir essa culpa, doía tanto eu não queria sentir essa dor. Eu gritei mais forte dessa vez. As lágrimas queriam descer pelo meu rosto, mas elas já tinham sido secas, eu não me dava mais ao luxo de chorar, eu não sentia mais nada alem de dor, culpa e sofrimento. Eu gritei muito mais forte e dessa vez me ouviram.
Eles entraram no quarto correndo e eu gritei de novo como se pedisse por aquelas drogas que eles colocaram em mim para me acalmar. E então o vazio voltou e eu sorri de agradecimento antes de apagar e ter um sonho estranho. No meu sonho eu estava em um hospício, tinha ficado louca, agora de verdade, e eu gritava, eu sangrava, e doía muito e eu não estava agüentando mais.
Eu acordei. Aquilo não era só um sonho, era a realidade. E então pela primeira vez em muito tempo eu chorei e me agarrei aquela mínima esperança dentro daquele quarto branco e vazio, eu me agarrei aquele que eu tanto amo, aquele que prometeu me salvar e não conseguiu.
Eu ia esperar, eu vou esperar a minha sanidade voltar e o sonho acabar.


** Eu tive esse sonho estranho e o transformei em texto, não esta totalmente igual claro eu acrescentei muita coisa. Eu acordei assustada e chorei muito com medo disso tudo, os meus pesadelos estão aumentando o nível e eu não estou gostando disso, eu quero que pare, eu espero que pare.

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