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       Tempestade de fogo.
                                                                                                            Por: Luiza Souza

   

    Como em toda historia o garoto encontra a garota e a mágica acontece, a paixão, os passarinhos azuis e de repente eles estão vivendo um conto de fadas. Nunca foi assim com uma menina não muito normal chamada Sue ela sempre sonhou em viver um conto de fadas e ver passarinhos azuis, mas isso nunca aconteceu com ela ate...
 
  Eu estava andando na rua indo para mais um dia chato na escola, era assim todos os dias. Hoje porem tinha alguma coisa estranha parecia que tudo estava perfeito de um modo não normal. Cheguei atrasada no colégio, o sinal já havia batido e eu corri para a sala chegando por muito pouco, a tempo.
  Sentei ao lado do meu melhor amigo, abri a minha mochila rabiscada e tirei o material necessário para fingir que prestava atenção na aula.
  _Bom dia rainbow, algum motivo especial para o atraso?
  _Bom dia Drake, eu estou cada vez mais lenta.
  Eu disse fazendo uma cara de horror e ele riu de mim, claro.
  _Vou passar agora na sua casa todo dia de manha para te trazer pra escola de cavalinho.
  Foi a minha vez de rir, mas sendo muito escandalosa eu dei uma bela gargalhada que chamou a atenção do professor que encerrou a nossa conversa. Eu tentava prestar atenção na aula, mas era impossível Drake me encarava com um olhar tão admirado que me fez pensar que talvez, ele sentisse algo mais por mim assim como eu sinto por ele.
  Deixe me contar essa historia direito, quando eu entrei nessa escola era uma completa desconhecida e muito estranha, na verdade ainda sou estranha, tenho uma paixão incontrolável por cores, todas elas e meu cabelo têm um pouco de cada uma. No primeiro dia todos me olhavam com cara de medo, às vezes ate nojo, eu estava sempre com meu costumeiro batom vermelho sangue, com minhas roupas pretas e cheias de pulseiras coloridas, uma de cada cor.
  A única pessoa que foi falar comigo foi Drake que me pegou na escadaria chorando por ser tratada daquela forma apenas por causa da minha aparência, eu já convivia com aquilo, mas não estava mais agüentando as pessoas falando, elas estavam sendo maldosas de mais. Então Drake falou comigo e desde então ele se tornou meu melhor amigo e insiste em me chamar de rainbow por causa das cores, eu sempre soube que era apaixonada por ele não me imaginaria sem esse pequeno segredinho. A novidade agora é ele estar me encarando desse jeito.
  O sinal bateu e eu me levantei molenga, teria aula de matemática que eu sempre odiei e não queria ir, Drake vendo meu desânimo me perguntou:
  _Que tal matar aula comigo? Preciso falar uma coisa para você.
  Eu nem respondi apenas sai o puxando da sala, adorava matar aula com ele, nos sempre íamos à escada não utilizada do terceiro andar onde ele me encontrou chorando pela primeira vez e ficávamos lá conversando e passando o tempo.
  Chegando lá eu desabei em um dos degraus já começando a contar sobre briga que tive ontem com minha mãe, o que já era normal ela não gostava do meu ‘estilo’ e vivia brigando comigo por isso. Ele se sentou ao meu lado e eu apoiei a minha cabeça no seu colo, ele brincava com meus cabelos coloridos e tentava em vão, me acalmar. Então de repente ele me mandou calar a boca e eu não me calei continuava a falar desesperadamente que ela me odiava, e para minha surpresa ele se aproximou se debruçou na minha cabeça e a centímetros dos meus lábios sussurrou:
  _Cale a boca, eu preciso te falar uma coisa, preciso falar que te amo e que sempre amei desde que vi seus olhos pela primeira vez.
  E simples assim ele encostou os lábios nos meus e deu a inicio ao meu maior sonho, meu estado era lamentável e eu me agarrava nele com todas as minhas forças, tentava acreditar que não era mais um sonho e que ele estava realmente me beijando e isso depois de falar que me amava.
  Nos separamos cedo de mais, e eu que já estava sentada novamente desconfortavelmente de frente para ele, eu o abracei e implorei:
  _Me diga que isso não é um sonho e que você me ama assim como eu te amo.
  Ele riu me beijando de novo, meu sorriso se abriu de uma forma que me assustou, e então nos braços dele eu reparei que não tem nada de estranho no dia estar perfeito, na verdade acho que essa perfeição já era de se esperar.
  Eu me ajeitei nos degraus ficando de costas pra ele que me abraçava e minha cabeça repousava preguiçosamente em seu peito. Ele pegou o seu telefone na mochila perto dele e digitou alguma coisa eu fiquei curiosa como sempre. Ate meu celular tocar, eu o alcancei rápido, pois estava no bolso da frente e eu li a mensagem que ele havia enviado.
  “Sue aceita namorar comigo?”
  Sem nem reparar as lagrimas desciam dos meus olhos, era um sonho que eu pensava que nunca seria realizado. Eu escrevi no meu celular “Não” e cliquei em enviar já me virando para ver a expressão no rosto dele quando lê-se a mensagem.
  Drake abriu a boca e arregalou os olhos e meu sorriso se abriu, adora brincar com os sentimentos dele, ele é tão sincero e espontâneo que eu não resisti em fazer isso com o pobre coitado do meu novo namorado.
  _É claro que sim seu bobinho!
  Ele sorriu agora e me beijou de novo, nos separamos com o sinal que interrompeu o nosso momento. Não queria ir para aula, mas seria necessário eu deixei meu famoso biquinho aparecer, não queria mesmo ir.
  _Vamos lá, nos precisamos ir. Pode ir tirando esse biquinho não é o fim do mundo.
  Ele me levantou e nos fomos para sala de mãos dadas, algumas pessoas olhavam espantadas por um menino bonito e popular como Drake estar de mãos dadas com uma esquisita como eu. De um modo eu me sentia culpada por afastar ele dos seus antigos amigos e da galera popular, mas ele me dizia que era uma coisa boba para se culpar porque ele preferia estar comigo à com um bando de falsos interesseiros, palavras dele. E eu concordo.
  Eu estava na aula resolvendo alguns exercícios de inglês quando ouvi o barulho. Meu coração acelerou tanto que eu temi que ele parasse, junto com todos da sala corri para janela para ver, de longe havia uma fumaça, não muito longe, mas não perto o bastante para saberem onde era.
  Mas eu sabia por isso eu sai correndo trombando com muitos alunos assustados que corriam para ver o que era. Eu já sentia a dor, e as lagrimas foram tomando conta do meu rosto cada vez mais a cada esquina que virava. Eu corria como nunca havia em toda minha vida, meu telefone tocava e eu já imaginava que seria Drake, mas eu não conseguia parar.
  E então eu virei a ultima esquina e escutei as sirenes dos bombeiros, das ambulâncias e da policia, tantas pessoas ao redor daquela casa que estava em chamas e eu cai no chão. Eles estavam ao redor da minha casa em chamas e as ambulâncias não seriam necessárias todos deveriam estar mortos.
  Minha família, meu pai, minha mãe e o meu futuro irmão que eu nem tive a chance de conhecer.  Meu mundo caiu na minha frente, meu coração parecia estar em chamas assim como a casa, da qual eu vivi o melhor ano da minha vida.
  Eu estava sozinha, eles me deixaram, eu não tinha para onde ir e por instantes eu quis estar lá com eles e morrer junto com a minha família, não era justo me deixar desse jeito, sozinha. Eu corri para casa na esperança de ainda dar tempo de eu queimar junto com eles, um bombeiro me segurou quando eu cheguei perto de mais, eu gritava e chorava desesperadamente.
  O bombeiro me levava para longe quase me carregando, pois eu lutava com ele, eu queria ir para casa e ele estava me levando ao contrario. Não vi de onde ele veio, mas os braços firmes de Drake me pegaram do bombeiro e eu parei de lutar. Eu me encolhi no peito dele e ele repetia para mim que tudo ia ficar bem, mas eu tinha a certeza que não iria.
  Eu não parava de me perguntar o que eu tinha feito para merecer isso, eu não parava de perguntar por que tinha que ser logo comigo, porque eu tinha que estar viva sendo que eles estavam mortos.
  A dor que nasceu dentro de meu peito enquanto as cinzas caiam sobre meus pés foi aumentando e ela não iria parar, aquela dor tomou o seu lugar em meu coração, ela dificultou a minha respiração, fez meu corpo entrar em protesto comigo. As chamas já haviam todas sido apagadas e os bombeiros tiraram em macas de dentro da casa dois sacos pretos que um dia eu os chamei de mãe e pai.
  Eu chorei mais forte ainda quando as macas passaram do meu lado e eu tive a confirmação de que a minha família havia morrido.
  Um policial falou alguma coisa com Drake que eu não consegui ouvir e então me pegou pelo braço e me tirou de longe dele, me colocou em um dos carros de policia e encostado na porta disse:
  _Eu sinto por sua perda.
  Eu vi pena nos olhos dele e odiei isso por isso puxei a porta antes dele fechar a batendo com raiva. As lagrimas ainda desciam pelo meu rosto e eu já não me incomodava com elas, eu olhei pela janela e ele estava lá em pé no mesmo lugar que estávamos há segundos atrás, eu o olhei nos olhos e temi que essa fosse a ultima vez que eu o veria, o que me fez chorar mais forte ainda fazendo o policial que já dirigia olhar para trás e lançar outro olhar de pena.
  Na delegacia, policiais andavam de um lado para o outro e me deixavam tonta e mais cansada ainda eu não queria estar ali, mas eu não tinha mais para onde ir. Eu sabia que assim que saísse daquela delegacia iria ir para um orfanato, minha mãe era filha única assim como meu pai e meus avos estavam mortos, não havia ninguém para cuidar de mim.
  Me levarão ate uma sala e começaram a fazer perguntas, eu já tinha parado de chorar e tentava responder, mas a minha voz não saia.
  _ Você tem algum outro parente nessa cidade?
  Eu balancei a cabeça dizendo não.
  _E em alguma outra? Nos precisamos fazer contato com eles.
  Eu balancei a cabeça novamente.
_Eu sinto muito pela sua perda, mas se falasse iria nos ajudar muito.
  Eu não queria falar, eu não poderia falar com aqueles que eu queria então não iria falar com ninguém. Levantei e fui ate a porta que estava trancada e esperei ate abrirem para mim. O policial veio e antes de sair da sala eu disse:
  _Eu quero ir para casa.
  E foi apenas isso para as lagrimas voltarem ao meu rosto, eu me sentei na mesma cadeira que estava antes coloquei meus joelhos em meu peito para tentar preencher aquele vazio, como se meu coração precisasse ser protegido por que não agüentaria mais dor.
  Me levaram ate o carro novamente me puxando como se eu fosse mais um dos seus bandidos. Eles discutiam no caminho como se eu não estivesse ali, ate chegar a onde eles pretendiam me deixar, eu li a placa assim que viramos a esquina, era o que eu imaginava um orfanato.
  Lá dentro tudo parecia um pesadelo, eu preferia que fosse uma moça me levou ate um quarto falando para eu descansar e me mostrando o banheiro que tinha ali e prometeu voltar com alguma coisa para eu comer. Sentei na cama exausta, mas não me deixei relaxar me levantei novamente e me dirigi ao banheiro pegando uma toalha e uma muda de roupas que tinha ali.
  No chuveiro eu deixei a água lavar as cinzas de mim, o cheiro da fumaça, as manchas pretas que estavam em minhas bochechas por causa da maquiagem escorrida pelas lagrimas. Eu queria me sentir melhor, mas foi impossível eu lavava as lembranças dos meus pais do meu corpo. O banho acabou cedo de mais e eu voltei ao quarto achando uma bandeja com leite quente e biscoitos que eu ignorei.
  Meu corpo implorava pela cama, tinha sido um dia longo e eu queria dormir, fingir que tudo foi apenas um sonho e acordar em casa pelos berros da minha mãe e discutir com meu pai por ele de novo ter me chamado de seu bebê. Pensando nisso eu adormeci e tive o pior sonho que poderia ter, eu sonhei que eu havia matado minha família com as minhas mãos eu havia colocado fogo na casa.
  _ Bom dia querida. Já iremos servir o café da manha porque não nos acompanha?
  A mesma mulher de ontem entrou no quarto dizendo enquanto ia ate as cortinas e as abria acabando com as minhas chances de tentar voltar a dormir para ver se dessa vez eu acordaria onde queria estar, em casa. Precisei de todas minhas forças para levantar da cama e acompanhar a mulher que eu descobri que se chamava Betty para o que se chamava de refeitório.
  Betty não era tão velha assim parecia ter uns quarenta anos com seus cabelos louros palha cortados curtos na altura do ombro. Eu passei a observar onde me encontrava, parecia uma escola com uma sala grande seguida de um refeitório, uma sala de brinquedos e um monte de quartos onde dormiam em pares. Havia um tanto de crianças, de todas as idades com uma coisa em comum, não tinham os pais e nem uma casa assim como eu.
  Sentada em uma das mesas isoladas eu me recusava a comer o mingau a minha frente, queria as panquecas com mel da mamãe que eu tanto amava. As lagrimas queriam descer pelo meu rosto novamente, mas eu as impedi não queria chorar na frente de todo mundo e principalmente não queria que eles me olhassem com pena.
  Depois de mais uns minutos ali sentada, me levantei cansada de ser o centro das atenções, todos olhavam para mim, como já era de se esperar. Fui ate a porta da frente e do lado da ‘casa’ encontrei um parquinho e me sentei ali perto na grama e fiquei olhando para o nada esperando alguém vir e me resgatar me tirar desse lugar horrível.
  Já estava ali a mais ou menos uma hora quando Betty me chamou para conversar em seu quarto, eu tinha esperanças que ela ia me dizer que eu iria para outro lugar, mas sabia que não seria isso, não teria outro lugar que eu poderia ir. A acompanhei ate uma espécie de escritório, ela me explicou como as coisas funcionavam ali, mas que infelizmente eu não poderia ficar e antes mesmo de eu ficar feliz com a noticia ela me disse o seguinte:
  _ Vão te enviar para outro orfanato, em outro estado, a policia disse que o incêndio em sua casa foi proposital e que você pode estar correndo perigo ao ficar aqui. Queríamos muito que ficasse, mas lá vai ser melhor para você querida.
  Eu comecei a chorar no exato momento, eu já teria que viver sem os meus pais pensando que alguém os tirou de mim por maldade e ainda teria que viver longe do Drake que eu esperava ser a minha única salvação. Não queria ir, Betty veio me abraçar em uma tentativa de me consolar, mas assim como eu ela sabia que era inútil, eu precisava dos braços dele ao meu redor agora, eu precisava dos braços dos meus pais.
  Ela disse que eu partiria amanha e que havia separado algumas roupas para mim e que os policiais haviam pegado a minha mochila na escola e deixado sob a minha cama. Não demorei muito para achar o quarto em que dormi e entrando lá fui direto para cama e chorei tudo aquilo que havia prendido o dia todo. O choro não me fez melhor, nem mesmo a vaga idéia que tudo iria ficar bem.
  Tive o mesmo sonho e de manha me preparei para a minha pequena viajem que ia me levar pra longe das únicas coisas que amei, eu queria apenas poder me despedir dele e foi isso que eu pedi para Betty quando ela entrou em meu quarto aquela manha e ela disse:
  _ Farei o possível.
  Quis mesmo acreditar que ela iria conseguir, mas uma hora havia passado e meu vôo que eu iria com um policial qualquer, sairia dali a meia hora. Comecei a pensar que ele não queria me ver, afinal quem gostaria de ter uma namorada problemática e que agora não pensava em nada mais a não ser a morte.
  Passava pelas pessoas no aeroporto com esperança nos olhos, esperança de que alguma delas ia me tirar das mãos daquele policial e que devolveria a minha vida de volta. É claro que aquela esperança não adiantou muito, nada adiantaria. Eu procurava pela multidão aquele par de olhos verdes que eu tanto amo, os olhos de Drake aqueles olhos que iluminavam meu dia sempre. Eu não os achava e mesmo que a vontade de ver ele fosse enorme eu não poderia, ele não viria.
  O vôo foi chamado e eu me encaminhei para o portão de embarque, nunca deixei de olhar para trás, ate mesmo quando estava dentro do avião eu esperava que ele entrasse pela porta e me tirasse daqui. Ele não apareceu e eu continuei sozinha, era esse meu destino, de algum modo sempre fora e agora eu tinha isso confirmado. A dor aumentou ainda mais como se fosse possível, eu chorei o caminho todo o que não foi o bastante para mim eu precisava de mais tempo, eu preciso voltar no tempo e nunca ter ido para escola naquele dia.
  O orfanato em que eu me encontro agora é bem mais moderno que o outro e bem mais lotado, eu pensei por segundos que teria que ficar ali praticamente o resto da minha vida para finalmente alguma família me encontrar e aceitar toda essa minha esquisitice. Quem eu queria enganar, nem meus próprios pais aprovavam o meu modo de ser, como alguma outra família aprovaria e bom quisessem conviver comigo?
  Eu abracei aquele lugar com todas as minhas forças, ele seria meu lar certo e agora eu precisava de um. Me levaram a um quarto onde eu iria dividir com mais duas meninas, o quarto tinha dois beliches e eu optei por dormir na cama de baixo de um deles.
  Enquanto o outro orfanato parecia uma escola, esse parecia um hospital, as paredes brancas, tudo organizado e limpo. Os brinquedos não ficavam espalhados no chão e sim organizados em baús coloridos gigantes, havia mesinhas, tapetes de montar palavras, um quadro enorme e vários desenhos espelhados pela parede. O lugar onde fazíamos as refeições era parecido com o de lá e também era chamado de refeitório. Eu olhava tudo como se gravasse cada mínimo detalhe para nunca esquecer.
  Enquanto ia para a sala da diretora conversar sobre como funcionava, fazer uma entrevista e assinar uns papeis eu olhava os rostos dos meninos que passavam por mim, a expressão deles não era de dor por estarem sozinhos no mundo, eles pareciam felizes por terem um lugar para morar. Eu estava praticamente me obrigando a pensar como eles.
  Depois de fazer tudo com a diretora Maggie uma assistente social baixinha e com olhos acolhedores e confiáveis ela me mostrou com quem iria dividir o quarto, andava lado a lado com ela ate duas meninas da mesma altura, com os mesmos cabelos loiros gigantes e ondulados que pareciam ter mais ou menos a minha idade, vestindo vestidos soltos e floridos que ressaltava os enormes olhos azuis.
    _Essas são Anna e Rebecca as gêmeas, meninas essa é Sue sua nova colega de quarto._ Maggie nos apresentou rapidamente.
  O sorriso das duas se abriu a me ver.
  _Olá!_ Disseram juntas dando risadas depois pela sincronia.
  _Oi_ Disse timidamente, mas já sabendo que elas seriam grandes amigas e pela primeira vez eu sorri depois da morte de meus pais.
  Eu segui para o quarto com as loiras idênticas e nos conversávamos sobre isso, eu tentava diferenciar uma da outra, o que não foi muito difícil, pois a personalidade das duas são totalmente diferentes, Rebecca é mais animada e fala puxando sutilmente o ‘R’ já Anna é mais quieta e adora falar sobre romance mesmo que não tenha um namorado. Foi amizade à primeira vista as duas me receberam de braços abertos e eu me aproximei delas como se fossem irmãs distantes.
  _Nos temos que totalmente e fazer compras para você, não acredito que perdeu todas as suas roupas! Eu teria tido um ataque, não um ataque para cada peça de roupa.
  Nos gargalhamos de Becca e seus ataques já programando um passeio de compras que pareceu me animar, a dor que insistia em me maltratar foi esquecida e eu me senti em casa, e com amigas, as minha primeiras amigas de verdade.
   Passamos a tarde deitadas na cama conversando e eu narrei toda a minha historia para elas e expliquei o meu cabelo que elas acharam tão magnífico.
  _Deve ser duro perder os pais assim, para nos nem é tão ruim porque nos nunca os conhecemos, imagino pelo o que você deve estar passando, mas sem tristezas por aqui você agora acabou de ganhar duas irmãs._ Anna falou e eu sem querer deixei algumas lagrimas escaparem de meus olhos. 
  Era um choro de felicidade, mas mesmo assim eu recebi um abraço duplo com um singelo ‘não chore’ das duas. Eu estava feliz de verdade e não tive que fazer muito mais esforço para sorrir e aceitar aqui agora como o meu lar.
  No jantar eu não senti fome o bastante para tocar na minha comida mesmo que ela parecia apetitosa sabia que eu não comia há dias, mas não conseguia me importar era como se meu organismo não agüentasse mais nada que eu colocasse para dentro. Fui para cama cedo após um banho quente e demorado e banhado por lagrimas de saudades, todos ainda estavam acordados jogando mímica na sala, foram divididos em grupos e se escutava as gargalhadas de longe. Meu cansaço e a minha falta de vontade de demonstrar o que estava sentindo, me fez ficar de fora da brincadeira.
   O cansaço fez meu sono vir rapidamente e junto com ele vieram os terríveis pesadelos. Eu colocando fogo na casa era o principal, mas depois vinha outro pesadelo onde eu matava Drake depois dele alegar que eu não era importante para ele e que o amor dele não era suficiente, e logo após, meus pais e ele vieram para cima de mim cada um com uma faca em mãos e eu gritei, pensei que tinha sido apenas no sonho, mas as mãos acolhedoras de Anna me balançavam para me acordar.
  _Acorde Sue! É apenas um sonho, vamos lá acorde!
  Eu abri meus olhos ofegante e cai em prantos nos braços abertos de Anna que me acolheu fazendo carinho em meus cabelos assim como minha mãe costumava fazer quando eu chegava em casa chorando por causa dos meninos na escola. Fique assim por um bom tempo ate cair no sono novamente deixando Anna dormir em paz. Meus pesadelos me esperavam quando eu fechei os olhos novamente.
  Acordei com o barulho de chuva na janela o que em outros dias me faria feliz, mas não particularmente hoje. Fui para o aeroporto pela segunda vez na semana, mas dessa vez estava sozinha e pude por todo o trajeto tentar esquecer tudo. A cada passo que eu dava me distanciando do avião meu coração se apertava mais, de algum modo estranho eu ainda tinha esperança que eu voltaria a ver os dois, no entanto agora era oficial eu estava indo presenciar o corpo de meus pais serem enterrados.
  Sabia que a dor que eu ia sentir quando descia do carro do policial que havia me buscado no aeroporto, seria enorme e assim ela foi. Com todas as minhas forças eu me obriguei a não chorar, todos os amigos e vizinhos deles estavam ali e no olhar de cada um tinha pena e a maioria dessa pena era direcionada a mim. Eu estava com raiva por isso, raiva por não poder trazer eles de volta, raiva por não ter comprado nem uma misera flor.
  O padre falava e a chuva continuava meu guarda-chuva preto não estava fazendo um bom trabalho e estava sendo molhada não apenas pela chuva, mas pelas lagrimas que eu tinha permitido finalmente jorrarem pelos meus olhos e tentarem levar a minha dor para longe.
  Os corpos foram abaixados e eu me senti dentro daquele buraco, apodrecer debaixo da terra era tão tentador que eu considerei pular lá em baixo. Essa vontade passou quando eu finalmente levantei os olhos do chão e limpando as lagrimas meus olhos encontraram os dele.
  Ele estava lindo e mesmo não estando sorrindo para mim eu vi nos olhos dele as desculpas que eu precisava, mas a magoa por ele ter me deixado quando eu mais precisei, me fez desviar o olhar. Na lapide havia uma frase que me fez sentir bem, pois era exatamente isso que eu sentia e a única coisa que eu tinha absoluta certeza “Sempre vivos em nossos corações.”
  Eu ouvi passos se aproximando por trás de mim quando me abaixei tocando as letras recém esculpidas na lapide e chorando silenciosamente. Tocaram o meu ombro e eu já sabia quem era porque apenas o toque dele me reconfortava dessa maneira, não consegui virar para trás não queria que ele me visse chorar. Drake me abraçou cruzando seus braços na minha frente que já eram segurados por minhas mãos geladas, como se soubesse que eu precisava de um abraço agora ele me apertou mais ainda contra o seu corpo e eu me virei levantando e deixando a blusa dele molhada pelas minhas lagrimas.
  Eu quis que aqueles braços nunca me deixassem e ele estivesse para sempre comigo para limpar as minhas lagrimas. “Desculpe-me” Ele sussurrou em meu ouvido mesmo sem necessidade porque eu já havia perdoado ele, eu sempre perdoaria.
  Minhas lagrimas param de descer e eu sai de seu abraço olhando fundo em seus olhos sem conseguir pronunciar nenhuma palavra, ele tocou meu rosto e sorriu e com aquele simples sorriso eu sabia que tudo iria ficar bem e que ele nunca mais iria me deixar.
  _ Eu nunca vou te deixar novamente, sabe por quê? Porque eu te amo e nunca irei deixar de amar. Minha rainbow...
  Meus olhos brilharam de saudade daquele estúpido apelido, brilharam pelo fato dele me amar e prometer nunca me abandonar, brilham porque ele conseguiu apenas com poucas apalavras fazer aquela dor que me torturava e aos poucos me matava ir para longe e no lugar dela deixar um amor verdadeiro, um amor que eu sentia por ele.
  Esqueci o tempo nos braços dele, ate que o sol coberto por nuvens ameaçou deixar o céu e eu acordei, eu tinha que voltar para o orfanato ainda hoje.
  _Eu preciso ir, preciso pegar um avião ainda hoje, mas antes eu preciso passar em um lugar você pode ir comigo? Não sei se agüentarei ir sozinha.
  _Vou é claro, não te deixaria ir sozinha de qualquer maneira.
  Nos então saímos do cemitério e fomos andando pela rua, seu braço estava em meus ombros protetoramente como se me impedisse de cair, o caminho foi silencioso, mas não um silencioso desconfortável nos estávamos apenas curtindo as horas que ainda tínhamos juntos, afinal eu voltaria para o orfanato e ele não poderia ir comigo.
  Eu avistei os escombros da casa de longe e foi difícil continuar andando para onde a minha vida simplesmente foi queimada. Eu ultrapassei a fita amarela da policia sem nem ligar, Drake me esperava do lado de fora da fita e eu sabia o porquê, essa é uma coisa que eu preciso fazer sozinha. Meus pés tocavam o chão desmanchando as cinzas, eu pulei madeiras, telhas e moveis totalmente destruídos.
  Eu esperava que no meio daquele lixo todo eu encontrasse alguma coisa inteira, não havia me restado nada que me fizesse lembrar eles, nem mesmo uma foto. E de algum modo eu precisava disso, precisava ver o rosto deles felizes e sorrindo para câmera não podia deixar a imagem daqueles grandes sacos pretos como a imagem de meus pais.
  Olhava o chão e as coisas destruídas, lembrava direitinho de onde se encontrava a sala, a cozinha, os banheiros tudo daquela casa que tinha me feito tão feliz. Parei onde deveria ser o quarto deles e procurei do meio das cinzas alguma coisa, qualquer coisa, mas não achei e meu coração pareceu partido novamente e as lagrimas desceram dos meus olhos como se fosse a coisa certa fazer. No ultimo raio de sol ele refletiu um brilho no meio daquela bagunça eu andei ate lá como se fosse atraída para aquele brilho, eu cheguei lá com as lagrimas me cegando e me abaixei a tempo de pegar debaixo do que parecia uma antiga cama uma caixinha não muito grande e nem muito pequena, do tamanho certo para a minha antiga mesa de canto.
  Eu caí no meio das cinzas e escombro sem me importar, as lagrimas não paravam de cair e a minha saudade foi aos poucos chamando a dor que se apossou novamente do meu corpo, eu senti meu coração contar as suas batidas e com as mãos tremulas eu abri aquela caixinha esperando ouvir mais uma vez a musica que provinha de lá, que era ligada pela mamãe depois de dar boa noite apagar a luz quando eu era pequena.
  A minha caixinha de musica foi aberta e a bailarina começou a girar como se nunca houvesse parado e eu pedi para que minha mãe estivesse ali para apagar a luz e me desejar bons sonhos, eu sabia que era impossível, mas as esperanças não queriam me deixar.  A musica acabou e eu fechei a caixinha sorrindo por ter encontrado alguma coisa e eu fui em direção a Drake segurando ela forte em meu peito e com o rosto ainda manchado pelas lagrimas.
  Ele me fez sentir melhor com outro abraço demorado e disse vendo a caixinha em minhas mãos:
  _Eu sei que está sendo difícil aceitar tudo isso, mas saiba que eu estarei aqui sempre que precisar e que eles estão lá no céu olhando para você e não acho que gostariam de te ver assim chorando.
  Eu apenas assenti sabendo que o que ele dissera era verdade e que eu precisava seguir em frente e parar de chorar.
  _Eles vão sempre estar comigo eu sei e sei também que você sempre vai estar. O meu coração é totalmente ocupado por vocês e enquanto ele continuar a bater e ate mesmo depois que ele parar vocês estarão dentro dele, comigo, me dando forças. E essa caixinha vai tirar os meus pesadelos de mim.
  Eu ganhei outro abraço e nos fomos andando em silencio de novo ate o aeroporto, a cidade é tão pequena que quase não se usa carros é tudo perto de mais e se pode ir a pé, e agora eu queria andar para estender mais um pouquinho o tempo que eu tinha nos braços dele.  Mas nos chegamos e eu tinha que ir mesmo não querendo me despedir dele.
  Comecei a chorar imediatamente quando o meu vôo foi anunciado e eu o abracei não querendo o deixar, ele me afastou lentamente porque eu precisava mesmo ir, antes de me empurrar para dentro ele depositou um beijo em meus lábios e outro em minha testa e disse:
  _ Eu vou te buscar eu prometo e nos seremos felizes em algum lugar bem longe daqui, tenha paciência e nunca se esqueça eu te amo.
  _Não demore muito. Eu te amo e vou sempre amar.
  Fiquei na ponta dos pés para dar nele outro abraço seguido por um beijo rápido e me virei indo em direção ao portão de embarque lutando contra as minhas vontades de me virar e ficar com ele, esquecer a lei e as minhas obrigações, eu precisava ser feliz e eu seria apenas se estivesse ao lado dele.
  Eu olhei para trás e o vi parado com lagrimas nos olhos que ameaçavam cair a qualquer instante eu precisava ficar, ele precisa de mim assim como eu preciso dele e uma idéia maluca passou por minha cabeça que de tão maluca me fez gostar dela. Eu pensei nas conseqüências do que faria e não consegui pensar em nenhuma pior do que voltar para lá mesmo que o desespero de ter um abraço amigo, de duas certas amigas, fosse enorme eu pertencia aos braços dele e seria muita tortura me deixar longe deles quando eu mais preciso.
   Não sabia o que fazer, nunca fui muito boa em decidir e agora eu preciso ser rápida. Eu olhei nos seus olhos novamente e depois para as pessoas que se dirigiam para dentro da sala de embarque. Então eu me lembrei daquele dia, o dia em que tudo aconteceu e me agarrei à coisa boa que aconteceu nele.
  Eu andei confiante para perto dele novamente e quando cheguei lá eu peguei no braço dele e sai o puxando dizendo:
  ­_Quer matar aula comigo de novo?
  Ele apenas riu e deixou ser puxado por mim que agora ria correndo para fora do aeroporto sem ter para onde ir e agarrando a mão dele com força porque eu precisava dela, toda a minha coragem e esperança estavam com ele. Eu soltei um suspiro longo e pesado quando deixamos o aeroporto para trás e andávamos na rua pelo mesmo caminho que fomos.
  _Você é doida? Se não chegar ao orfanato hoje eles vão botar a cidade toda a sua procura.
  _Sou mesmo doida, mas eu preciso de apenas mais um dia, um dia com você e eu volto pra lá. Eu preciso de você.
  Ele acariciou a minha bochecha sabendo que aquilo era verdade porque ele também precisava de mim, nos separar dessa forma era ate então cruel. Eu não queria ficar sozinha de novo e sabia que assim que eu saísse de perto dele aquela dor iria voltar e eu não sei se posso agüentar ela por muito mais tempo.
  _E para onde vamos minha doidinha?
  O sorriso travesso abriu em seus lábios e refletiu aos meus, eu olhei nos seus olhos pensando em algum lugar para irmos, um lugar onde ficaríamos sozinhos.
  _ Já sei! Hoje é sábado, certo, então a escola está vazia nos podemos ir para a escada do terceiro andar.
 Ele sorriu mais ainda e não me respondeu só nos mudou de direção nos levando agora para a escola. Quando chegamos lá o portão estava trancado e não teria como abrir eu já havia desistido quando ele subiu na grade e pulou do outro lado e me falou para fazer a mesma coisa, eu falei que não por medo. Ele insistiu e disse que se eu caísse, ele estaria ali para me pegar.
  Eu comecei a escalar sempre olhando para trás e com um medo que me fazia tremer, ele me chamou e disse para eu não olhar para trás, para olhar para ele e assim eu fiz e quando assustei já estava no topo. Ele me mandou pular e eu travei claro, ele pediu de novo e de novo ate que eu pulei nos braços dele deixando escapar um gritinho. Acabou que eu caí em cima dele e o derrubei, ele gemia de dor de baixo de mim.
  _ Eu te machuquei? Está tudo bem?
  Ele começou a rir e eu assustei como ele poderia rir em uma hora dessas?
  _O que você anda comendo em rainbow? Está pesadinha.
  Eu ri junto com ele dando tapinhas em seu braço e o chamando de bobo. Como se tivesse escutado o meu estomago doeu, deu uma fisgada forte que me fez dobrar para frente ainda sentada naquele chão imundo da escola, ele por pouco não reparou. A falta de comida torturava meu órgão que eu pensei que seria mais forte para agüentar apenas poucos dias sem nenhum alimento, a vontade de comer alguma coisa era enorme, mas eu não conseguiria ia doer eu sabia e eu já estou cansada de sentir dor.
  Ele me levantou e nos fomos andando para a escola e de lá ate a escada esquecida, ele sentou em um degrau e eu me deitei em seu colo exatamente como da ultima vez, mas agora eu não teria que ir para a aula e não veria nenhuma fumaça no céu avisando que a minha casa havia sido destruída. Fechei meus olhos com as caricias dele em meus cabelos e deixei-o pensar que eu estava dormindo, mas na verdade eu não estava, pois os olhos dele que me encaravam não me deixavam pegar no sono.
  A noite já havia caído e agora estava tarde de mais e eu cansada para conversar ou contar sobre meus problemas para ele como sempre fazia os problemas que da noite pro dia tinham aumentado três vezes e agora me destruíam por dentro, ele percebia isso só não sabia como ajudar, ninguém poderia ajudar.
  Não me lembro quando foi, mas eu acabei finalmente dormindo e ele também na sua posição desconfortável encostado na parede me agüentando totalmente escorada nele. Eu acordei e ainda estava escuro o culpado era os sonhos que me atormentavam novamente, eu abri a caixinha de musica que estava em um degrau acima do nosso e eu esperei que aquela musica tão conhecida me acalmasse e me fizesse voltar a dormir, mas isso não aconteceu meu estomago agora me maltratava ainda mais se vingando do que eu estava fazendo com ele.
  Levantei com cuidado para não o acordar e desci as escadas devagar indo para um dos corredores que eu sabia que tinha uma daquelas maquinas de comida, eu olhava para os lados a todo o momento, preocupada em ser pega por um dos seguranças. Eu me abaixei colocando o pouco de dinheiro que a diretora do orfanato tinha me dado junto com as passagens, escolhi uma barra de chocolate e sabia que tinha sido a pior das coisas. Eu peguei em minhas mãos aquela barra e revirei três vezes antes de abrir e morder um pedacinho minúsculo querendo que meus estomago parasse de reclamar.
    Ele não parou e eu me obriguei a comer mais um pedaço e mesmo assim não foi o suficiente, parecia que quanto mais eu comia mais meu estomago doía e eu que já sabia dessa dor não estava agüentando como eu imaginava, eu larguei a barra no chão dizendo que eu não iria mais comer porque não queria que doesse mais.
  Mas eu precisava daquilo, não da dor, da comida. Peguei a barra do chão novamente e comi a barra inteira cada vez mais curvada no chão de dor, uma dor tão forte que parecia aos poucos me matar. Eu quis vomitar aquilo tudo, mas me impedi não queria isso, sabia que estava doente por não querer mais comer e vomitar só pioraria tudo.
  Joguei o papel no lixo e voltei para a escada, ele ainda dormia tranquilamente e eu esperava a minha dor passar, mas ela não passou e eu fiquei lá deitada nos braços dele o resto da madrugada esperando o sol nascer para poder olhar naqueles olhos carinhosos que sempre fazem a dor ir embora.
  Ele acordou meio assustado, mas quando me viu em seu rosto abriu um sorriso pelo qual eu sou totalmente apaixonada.
  _Bom dia.
  Ele disse e eu respondi com um beijo na bochecha. Eu não queria levantar e parecia que ele também não e ficamos ali deitados por um bom tempo ate que a necessidade de ir lavar o rosto para continuar acordada e a dele de comer alguma coisa nos fez levantar e andar devagar pelos corredores vazios da escola. Eu o esperava na porta do banheiro enquanto ele ia ate a mesma maquina que eu havia ido nessa madrugada.
  Batucava meus dedos em meus joelhos como uma distração e pensava em alguma possibilidade de ir para algum lugar onde nunca nos encontrariam. E então eu comecei a pensar nele, eu podia ter perdido meus pais, mas ele ainda tinha os dele e que provavelmente, estavam preocupados agora, eu não podia obrigar ele a desistir da escola, da família, da vida dele por minha causa. Seria egoísta de mais e eu não sou assim, por mais que eu precise dele, ele não precisa tanto assim de mim que deixaria toda a sua vida para trás. E então eu tomei a decisão de voltar para o orfanato ainda hoje e deixar que a ele voltasse para a vida dele, porque eu não tinha mais uma vida e não o faria perder a dele também.
  Quando ele voltou, eu tinha lagrimas nos olhos e avistei de longe o segurança vindo correndo atrás de nos, e eu não me movi mesmo que ele me puxava para cima para podermos sair correndo dali e não sermos pegos. Eu murmurei um “Me desculpe” e tirei a minha mão da dele e então o segurança nos alcançou e eu o empurrei para longe deixando o segurança me pegar e levar com ele para onde eu sabia que me botariam dentro de um avião.
  Eu olhei para trás e ele havia parado e me olhava com tristeza o que fez as lagrimas descer pelo meu rosto com certa raiva, o que era de algum modo verdade, eu estou com raiva de mim mesma por estar fazendo isso com ele, por estar fazendo isso comigo, mas eu sei que é para o bem dele e por isso eu faço qualquer coisa.
  O segurança me levou para aquela mesma delegacia e de lá depois de muitos sermões eu fui levada ao aeroporto e de lá direto para aquele lugar que eu ainda me obrigava a chamar de lar. Como se fosse possível recebi mais sermões quando entrei lá e nem mesmo liguei, não vi as gêmeas e nem queria ter visto eu fui direto para o banheiro e soluçava de tanto chorar  deixei a água quente do chuveiro lavar as minhas lagrimas. Eu deitei na cama não esperando dormir e sim para as cobertas espantar aquele frio que eu sentia e abafar o meu choro que agora estava baixinho e não parava de jeito nenhum.
  Eu fiquei naquela cama pelo que contei dias, levantava apenas quando era extremamente preciso, meu coração parecia ter parado de bater quando vi a tristeza nos seus olhos. A caixinha de musica era a única coisa que consegui me acalmar eu me lembrava da minha mãe, da minha heroína e pensava que um dia eu seria como ela e que ia conseguir uma família linda como a nossa era, mas eu não ia a deixar acabar, nunca.
  O frio aumentou, a dor aumentou e a minha esperança diminuiu. Eu tentei sair daquela cama, eu tentei fingir que estava bem como sempre fazia, mas dessa vez não consegui, não conseguia ver como a minha historia ia acabar em um final feliz, duvidava que ainda tivesse uma historia. E foi na manha do décimo terceiro dia naquela cama eu decidi finalmente parar com a dor.
   Sim, eu Sue a órfã aquela que não acreditava mais em amor e nem contos de fadas, decidi que iria morrer.
  Eu levantei tristemente e obriguei aos meus pés irem para frente, um de cada vez. Cheguei ao refeitório e todos estavam lá reunidos, rindo e superando todos os problemas, eu quis ser um deles, mas já é tarde de mais. Sentei perto das gêmeas que assustaram, provavelmente, por me encontrar fora da cama. Elas conversavam comigo como se nada tivesse acontecido e isso me incomodou, eu queria na verdade era me despedir, no entanto não consegui como já era esperado. Voltei para o quarto, entrei no banheiro e tranquei a porta.
  Covarde, estúpida, egoísta, idiota, bulimica, sem coração, fraca, suicida. Cada palavra que surgia em minha cabeça me incentivava a continuar, a pegar aquela lamina que eu sabia que iria fazer o que eu queria. Fiz um corte em minha perna por cada palavra e observei o sangue escorrer, parecia tão certo para mim, mas não era na realidade. Eu estava sofrendo e a única coisa que eu precisava era acabar com a maldita dor.
  Aproximei a lamina do meu pulso e me lembrei dos meus pais, da minha mãe, do meu pai, mas eles não poderiam sentir a minha falta, ninguém iria, nem mesmo ele, na verdade a vida dele iria melhorar sem o meu fardo. Não poderiam me impedir, ninguém conseguiria e com esse pensamento eu afundei a lamina fundo o bastante e fiz o corte que jorrava sangue sem parar. Eu senti medo, mas tinha certeza que era aquilo que queria.
  O sangue não parava de sair e uma poça se formou ao meu redor sujando o chão branco do banheiro, me direcionei a lamina de novo na intenção de fazer a mesma coisa no outro pulso, minhas mãos escorregavam por causa do sangue. Bateram na porta e meu coração parou, continuaram batendo e eu fingi não estar ali, afundei a lamina e quando ia começar o corte a porta se abriu e eu vi o rosto desesperado das gêmeas e da diretora, e então eu o vi parado ao lado da porta com lagrimas nos olhos e me olhando com aquela mesma tristeza. E então tudo ficou escuro e eu ironicamente temi ter morrido.
  Acordei no que eu pensava ser o céu ou inferno, mas era muito pior. Meus planos não haviam dado certo, minha cabeça rodava e sem permissão meus olhos vagaram pelo local afirmando que eu estava viva e em um hospital. Meu pulso ardia por baixo da faixa assim como minha perna, o quarto estava vazio e eu agradeci por isso, não sei se tenho coragem para encarar qualquer pessoa agora.  Tentei limpar as lagrimas que já desciam pelo meu rosto, mas não consegui mover o meu braço e foi só ai que eu vi os tubos de soro e de sangue e isso me assustou, a minha vertigem por causa do sangue e das agulhas foi imediata, e fez aquele quarto girar mais ainda. A coisa boa era, se eu desmaiasse nem precisariam me levar pro hospital, eu já estou nele.
  Uma enfermeira entrou no quarto, mas não me falou nada e eu não perguntei, ela me lançou um olhar acusatório e ao mesmo tempo de pena. Eu a observei verificar os tubos em meu braço, meu curativo e os batimentos cardíacos. Antes de sair do quarto ela me disse:
  _ Você não é a única daquele orfanato que veio parar aqui por esses motivos. Imagino como deve ser ruim ser órfão, bom eu vou avisá-los que você acordou.
  Não sei o que ela quis dizer com essas palavras, mas ela saiu antes de eu tentar a impedir de falar pra eles que eu estou acordada. O jeito era esperar alguém aparecer e me julgar com os olhos e falar palavras que deveria me ajudar.
  As imagens daquele banheiro passaram por minha cabeça, a porta sendo aberta e as gêmeas aparecendo com as mãos tampando a boca, a diretora correndo provavelmente indo chamar a ambulância e ele, bom essa parte eu acho que foi imaginação, ele não poderia estar naquele banheiro.
  Fechei os olhos um instante e quando os abri novamente ele passava pela porta andando em minha direção. Drake se sentou na cadeira de plástico ao lado da maca e olhou para mim com aqueles olhos tristes que me matavam por dentro. Eu abri a boca esperando que de lá saísse às desculpas que eu estava pensando, no entanto nada saiu e eu fiquei lá igual uma boba com lagrimas nos olhos, a boca aberta e suplicando silenciosamente o perdão dele.
  Ele viu as minhas lagrimas e ficou em pé, imediatamente as limpando. Ele me olhou com carinho ao contrario do que eu esperava. Minha boca se fechou e eu obriguei as lagrimas a se cessarem, eu abaixei meu olhar com vergonha dizendo:
  _Me desculpe, eu não devia ter feito, eu não queria ter feito. Desculpas também por ter te deixado na escola, mas me pareceu à coisa certa, eu sou um fardo para você, não quero que destrua tua vida comigo.
  Ele levantou o meu queixo com um dedo e em seu rosto um sorriso de deboche me espantou. Drake passou os dedos pela minha bochecha e disse:
  _ Rainbow você continua falando de mais...
   Para minha surpresa ele me beijou como nas escadas, mas dessa vez eu não o agarrei porque meus braços estavam meio indisponíveis. Eu sorri para ele e naquele momento toda minha dor foi embora, eu a senti indo e eu esperava que ela nunca mais chegasse perto de mim. E mesmo se chegasse eu sabia que ele não a deixaria se apossar de mim novamente. Meus pais a onde quer que eles estejam estariam felizes por mim, eu estava feliz de novo.
  _Eu que devia pedir desculpas Sue por ter te deixado ir, por quase não chegar a tempo...
 _Agora é você que precisa calar a boca. _ Eu disse o interrompendo e levantando a minha cabeça para alcançar os seus lábios novamente, o que não adiantou porque a vertigem voltou e eu fui obrigada a me abaixar de novo. Ele apenas riu com preocupação nos olhos e se abaixou novamente.
  As gêmeas entraram assim que ele se afastou já falando milhões de coisas ao mesmo tempo, Becca me acusava em todas as línguas possíveis e Anna me olhava com compaixão, não com pena, mas como se entendesse.  As duas ficaram o tempo todo ao meu lado, assim como Drake e eu fiquei feliz por isso, a diretora passou também no quarto disse “que bom que você esta bem” e eu senti que ela estava triste comigo, ou com o que eu fiz. Lembrei das palavras da enfermeira e entendi o motivo da tristeza dela, eu não fui a primeira e posso ser a única que sobrevivi.
  Quando anoiteceu as gêmeas se foram e o medico apareceu me dizendo que eu teria alta em pouco tempo. Drake passou a noite comigo, ele disse que não tinha mesmo para onde ir. Ele tinha fugido de casa e tinha ido me buscar, para fugir comigo.
  _Minha vida, minha felicidade depende de você, eu preciso de você Sue. E se precisar eu vou ate o fim do mundo e eu desisto de todos os meus planos por você. Por que sabe de uma coisa? O meu lugar é do seu lado, meu coração precisa do seu para continuar batendo.
  Ele me disse isso em algum momento da madrugada, eu não consegui dormir e ouvir dele isso fez meu coração atrasar uma batida, meus olhos se encherem de lagrimas de alegria e meu sorriso aparecer maior do que nunca. Eu não poderia o privar disso, também preciso dele e mesmo que ver a vida dele se acabar por minha causa seja doloroso eu não consigo o afastar, eu o amo mais do que a mim mesma e o meu coração já está muito frio por causa dessa dor toda, ele precisa ficar quente novamente e só vai conseguir isso ao lado do dele.
  Ele dormiu ao meu lado, depois da terceira historia de ninar na chula intenção de me fazer pegar no sono. Como uma idiota eu fiquei olhando ele dormir e tentando imaginar o que ele poderia estar sonhando, isso se ele estivesse sonhando. Eu adormeci assim pensando em todas as coisas boas que ele podia estar vivenciando em seus sonhos, ele tinha um sorriso nos lábios, o meu sorriso favorito, aquele que só estava presente quando ele estava comigo. Foi por aquele sorriso que eu me apaixonei tão rápido e intenso como um suspiro.
  Eu acordei com dor, a enfermeira trocava o curativo e eu vi o que tinha feito, o corte foi fundo e deixaria uma cicatriz, o arrependimento me bateu e eu o deixei ficar. Eu quis voltar no tempo e naquela noite ir pra cama ao invés de ir ao banheiro e esperar ele aparecer na porta propondo fugir, e não o fazer me encontrar no banheiro naquele estado. Eu o procurei pelo quarto e só encontrei o seu casaco na cadeira e isso me deu a segurança que ele voltaria, virei minha cabeça para o lado não querendo ver mais aquele machucado e avistei em cima de uma mesa a minha caixinha de musica.
  Quis esticar a mão para alcançá-la, mas não podia. Fiquei a observar ela de longe e as lagrimas saíram pela saudade, não pude limpa-las e isso me frustrou mais ainda. Quando a enfermeira se foi eu parei de chorar, não queria que ninguém visse minhas lagrimas, o cheiro de álcool e de sangue me deixou enjoada e sem ter tempo de chamar ninguém me levantei puxando o soro e o sangue e corri para o banheiro.
  Meu pulso doeu quando levantei, mas não me impediu de chegar ao vaso e botar tudo aquilo que eu não havia comido para fora. Senti mãos nos meus cabelos os puxando para trás para não serem sujos e braços ao meu ombro me confortando, aqueles braços fortes que sempre me pegavam quando eu caia.
  _ Esta tudo bem, eu estou aqui._ Ele sussurrou no meu ouvido e eu acreditei, mesmo que fizesse força e nada saia pela minha boca sabia que eu ia ficar bem.
  Levantei desistindo e lavando minha boca, e sentindo novamente a dor do corte, aproveitei e também lavei o rosto. Drake continuava no meu encalço me ajudando a ficar em pé, a tontura me fazia cambalear e pedir a cama novamente. Eu olhei para o espelho e não senti raiva de mim mesma, eu não me senti deslocada e nem estranha, eu não senti dor, eu apenas vi o meu reflexo como qualquer pessoa normal. Ele reparou que eu estava me encarando e apareceu do meu lado sorrindo, o que me fez sorrir também, era a imagem do casal perfeito, da minha felicidade.
  Não agüentando mais eu voltei para a cama com ajuda dele.
  _ Eu preciso de um hambúrguer bem grande com um copo enorme de milkshake e muito chocolate. Eu sinto falta de comer.
  Ele gargalhou dizendo que iria buscar, disse que essa era uma oportunidade única. Lembrei daqueles adjetivos marcados na minha perna por cortes e pude eliminar um, nunca mais deixaria uma estúpida doença me impedir de comer, nunca mais iria deixar nenhuma dor me fazer mudar ou me obrigar a fazer coisas que eu não queria ter feito, coisas erradas que eu prometi a mim mesma nunca mais fazer.
  Os dias passaram rapidamente e mesmo assim não perderam a sua importância eu estava ao lado dele, e daquelas pessoas que eu amava. Minha dor desapareceu como se nunca houvesse existido. Como faltavam apenas dois anos para eu completar os dezoito anos e para Drake faltava um, nos concordamos que ele iria voltar para casa e voltaria para me buscar assim que completasse dezoito e nos finalmente fugiríamos para ficarmos juntos para sempre.
  _Promete que vai me ligar todos os dias, e me mandar mensagens de cinco em cinco minutos e vir me visitar pelo menos uma vez por mês?
  Estávamos na porta do orfanato e eu o abraçava tão forte implorando para ele ficar. Eu tinha recebido alta há uma semana depois de quatro dias no hospital, a cicatriz me assustava toda vez que eu olhava para ela, eu tinha medo daqueles dias voltarem.
  _ Prometo Sue. E você trate de não se esquecer de mim. Um ano passa rápido meu amor, logo nos poderemos ficar juntos novamente.
  Meus olhos se encheram de lagrimas novamente e depois de um beijo de despedida ele me deu mais um abraço e se virou para entrar no taxi que já o esperava.
  _ Vou morrer de saudades, Drake eu te amo!_ Eu gritei e ele se virou com lagrimas nos olhos como eu e me mandou m beijo gritando de volta:
 _ Não mora minha pequena eu preciso de você.  
  E então ele se foi, eu fiquei parada na porta acenando para ele ate o taxi desaparecer pela rua, voltei para a casa indo pro quarto e me sentando perto das gêmeas que folheavam uma revista de moda ao som da musica mais animada do mundo. Tudo iria mudar agora, minha vida ia voltar a ser como era antes mesmo com a diferença que eu não teria mais os meus pais para cuidar de mim, mas eu iria vencer sem eles, não estou sozinha. Os problemas, a dor todos foram deixados para trás e agora eu vou ser feliz do jeito que nunca fui antes.
  Tudo na vida acontece por um motivo. Eu acho que o motivo de tudo isso acontecer comigo era para me fazer crescer, do modo difícil, mas eu aprendi a dar valor ao que tenho e a conviver com a morte e nunca desistir de quem você ama. Afinal meu pai me dizia que depois de toda tempestade o sol aparece e o jardim floresce ainda mais quando a tempestade é muito forte.
                                               
                                              *** Quatro anos depois ***

 Eu entrei naquele cemitério confiante, como nas ultimas vez eu chorava. O sol estava quase se pondo, o dia estava tão lindo que nem me parecia que já fazia quatro anos que eles haviam morrido. Eu coloquei as rosas que levava na mão na lapide dos meus pais e me abaixei sentando na grama, minha saudade bateu no meu peito como em cada ano nesse mesmo dia. O dia onde para mim pareceu ter tudo acabado, mas a verdade era que só estava começando.
  Minha vida tinha mudado totalmente, Drake como havia prometido quando fez dezoito anos foi me buscar e nos fomos juntos morar em um apartamento no meio da cidade, ele trabalhava em uma loja de cosméticos e fazia faculdade de direito, e eu fazia faculdade também um ano abaixo dele, mesmo ainda sem ser formada eu escrevia colunas para o jornal da cidade. Nos dois arrumamos nossa vida juntos e tudo se tornou tão bom que foi fácil esquecer o sofrimento do passado.
   As gêmeas continuavam sendo as minhas irmãs de coração e como eu, saíram do orfanato e moravam na fazenda que o avô delas havia deixado para elas e eu ia as visitar sempre que podia, elas já disputavam o meu bebê sem nem mesmo ele ter nascido.
  Eu me levantei do chão me despedindo de meus pais e dizendo que voltaria ano que vem, ou quando me sentisse mal. Andei ate o carro onde Drake me esperava com um sorriso no rosto mesmo que meus olhos pesassem, queria meus pais aqui para me abraçar e dizer que tudo ficaria bem, queria eles aqui para ver o neto deles crescer. Sim foi inesperado, mas não deixou de ser especial eu estava agora grávida de três meses e eu não poderia estar mais feliz, o meu bebê só completaria a nossa família.
  Ele me recebeu com um abraço apertado e eu me deixei chorar nos ombros dele. Ficamos assim por minutos ate ele beijar minha testa falando:
  _Quero te levar em um lugar, pode deixar essas lagrimas para trás.
  Eu assenti e ele acelerou o carro, não sabia para onde ele poderia me levar, mas pelo o seu sorriso sabia que seria bom.
  Nos estacionamos em frente a uma grande casa branca com uma varanda enorme e cheia de flores ao pé da escada que levava a porta principal. Ele saiu me puxando direto para a placa de “A Venda” e com um adesivo vermelho que não sei de onde ele tirou colocou por cima da placa e no adesivo estava escrito “Vendido”. Eu olhei para ele com a boca aberta e ele riu da minha expressão.
  _Não sei se você se lembra, esse bairro mudou afinal hoje faz quatro anos que a casa que antes ficava aqui foi incendiada. Assim que soube que eles reconstruiriam a casa eu a comprei para você, para nos. Bem vinda ao seu novo antigo lar.
  Meus olhos viraram cachoeiras e eu pulei nele o abraçando. Minha antiga casa está em pé novamente e eu vou morar nela com o homem que eu amo e futuramente com o nosso filho. As cachoeiras banhavam um sorriso enorme, meu coração se acelerou tanto de felicidade que eu temi ter um ataque cardíaco.
  _Sue eu te amo tanto que você nem pode imaginar e eu quero passar o resto da minha vida contigo e nos já temos essa casa, nosso filho só falta uma coisa. Minha rainbow aceita se casar comigo?
_Não. _ Eu vi o pânico em seus olhos e gargalhei com isso._ É claro que sim seu bobinho!
  Ele riu comigo depois de me matar com o olhar por culpa da brincadeira sem graça. Ele me beijou e me pegou no colo me carregando ate a entrada da casa e abriu a porta me colocando no chão assim que passamos pela porta. Eu olhei tudo ao redor, a casa ainda estava vazia, mas logo estaria cheia, com as nossas coisas. Minha barriga revirou e eu coloquei a mão nela e uma mão se instalou por cima da minha, ele beijou a minha cabeça e depois se abaixou na altura de minha barriga a beijando também. Eu o puxei para cima e envolvi o seu pescoço com os meus braços, seus olhos estavam conectados com os meus, o mundo parecia ter parado.
  _Eu te amo.
   Eu disse com a certeza absoluta e com um sorriso bobo nos lábios, eu passei por tanta coisa e por todo aquele tempo a única coisa que eu tinha certeza era do meu amor por ele, um amor que nunca irá acabar.
_Eu te amo mais!
  Ele tirou uma mecha rosa de meu cabelo que saia do lugar e me beijou novamente, as minhas lagrimas de felicidade encheram meus olhos e eu as deixei cair, sem ter nada a perder, estava tudo perfeito, do jeito que eu sempre sonhei.
_Para sempre. _ Eu disse quando nos afastamos e ele limpou as minhas lagrimas.
_Para sempre._ Ele repetiu.
           
                                                                  Fim.