Nós.
"notas sobre ela
essa moça girassol
essa moça girassol
Ela estava
dançando como se nada mais importasse, exatamente no meio da pista de dança
daquela boate quente e apertada. Ela movia seu corpo fora do ritmo, dançando
rock quando tocava funk e forró quando tocava pop, ela parecia não fazer a
menor ideia do que estava fazendo, apenas parecia. A garrafa de cerveja estava
sempre cheia e o seu sorriso aumentava a cada gole, não pelo efeito da bebida,
pelo efeito da vida.
Ele sabia
quando a viu daquele jeito do outro lado da boate que não demoraria muito para
se apaixonar como uma garota assim, garota que chamava atenção, que saia dos
padrões e que era perfeita na sua loucura, ele também sabia que seria
complicado e que seria difícil e por isso ele não andou até ela, ele deixou a
mágica para o próximo cara.
Esse outro cara
dançou no ritmo errado dela, com faíscas saindo pelos olhos, com as bocas
fazendo a sua própria dança, com as mãos passando até por onde não podia, ela
se deixou levar no charme e se apaixonou por mais um sapo que segurava certo na
sua cintura, mas que não tinha interesse nenhum em segurar o seu coração.
Ela se
entregava para a vida como se entregava na pista de dança, não existia o meio
termo, ela vivia todos os segundos de cada dia, sem pausa para descanso. Ele
não conseguiu se encaixar na vontade dela, desistiu sem tentar. Ela já tinha se
esgotado de amores vazios, de paixão interesseira, de pessoas que não se
importavam.
No outro dia
ela não estava mais dançando no meio da pista, estava sentada em um dos cantos
rindo daqueles que eram tão ridículos quanto ela. Ele procurava os cabelos
pretos voando no meio dos outros, queria ver ela apenas mais uma vez, na
esperança que o destino colocaria ela em seu caminho se fosse realmente para
ser.
Ela o viu
parado e sozinho, alheio a toda diversão que acontecia ao seu redor, ela
marchou até ele como se fosse o seu dever colocar um sorriso nos olhos tristes
dele. Eles dançaram fora do ritmo da música e fora do ritmo um do outro, ele se
sentiu livre na presença dela e ela se sentiu segura nos braços dele. Não foi
obra do destino, mas era gostoso acreditar que foi, dava um tom de ‘certo’ no
amor.
Eles brigaram,
ele correu para acompanhá-la, ela aprendeu a ser dois, e todo o complicado que
tinha gerado medo, agora gerava dúvidas. Mas os sorrisos foram maiores, ele queria
segurar o coração dela, mesmo que ela às vezes não conseguisse segurar o dele.
Agora ele via
ela dançando na cozinha enquanto assistia TV sentado na sala, via seus cabelos
pretos voando para todos os lados, os fones de ouvido agarrando nas portas dos
armários, a cerveja chegando ao final e o sorriso do tamanho do mundo que
refletia o dele. Eles estavam vivendo todos os segundos de todos os dias,
mudando o pronome para nós.
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Luiza.