O taxista maluco.
Estava de noite e eu procurava um jeito de ir para casa que não
fosse a pé, meus pés doíam de tanto andar e minha mãe olhava para mim com uma cara
de boba que eu sabia era por causa dos copos de cerveja que ela insistia em
continuar bebendo.
Um táxi passou longe
e eu gritei abanando as mãos como uma desesperada e francamente eu estava. Ele parou
e eu corri para dentro rebocando minha mãe que agora ria de nada junto comigo,
o taxista perguntou para onde ir e eu respondi com um ar de duvida (sempre fui
assim, esquecida). Ele arrancou o carro tão rápido que me fez ir para trás e
bater a cabeça no encosto do banco, tentava então em vão fazer minha querida mãe
parar de rir.
E então de repente o
taxista começou a falar, não sabia se era comigo ou com ele mesmo, minha mãe parou
de rir e prestou atenção nele assim como eu. Ele começou a falar de coisas no
principio sem sentido como contas a pagar, remédio a tomar e o cachorro do
vizinho.
Sei que foi errado,
mas eu ri dele e da sua tão aparente loucura ou solidão. Ele falou da sua
esposa que não cozinhava mais do jeito que ele gostava e do seu filho que não saia
de casa e mais sobre o cachorro do vizinho e da noite mal dormida. Sem avisos
ele começou a falar da vida, não da dele, mas da vida em geral.
Não esqueço as suas
palavras “Um dia eu vou ter aquela vida que eu sempre quis a vida perfeita. Só
quero entender porque demora tanto para chegar esse dia.” Eu entendia o que ele
queria dizer e depois disso foi ficando ainda mais incrível, ele falava sobre
como era injusta essa coisa chamada de vida e que a única coisa que ele não podia
fazer era desperdiçá-la porque ela não daria segundas chances.
Eu ouvia tudo com
uma curiosidade enorme que não reparei que ele estava indo para o lado errado,
assim que percebi toquei o ombro dele e indiquei a direção certa, ele agradeceu
e disse que hoje o dia tinha sido difícil e logo após disse que todos os dias
estavam sendo difíceis e que ele não aguentava mais fazer as mesmas coisas
todos os dias e que queria mudar de vida, parar de beber e viajar para ver o
que de bonito a vida tinha para mostrar.
Estava surpresa
claro, achei que o cara era louco, mas acabou sendo que ele era só mais um
indignado com as injustiças da vida e com sonhos que eu sei que um dia irão ser
realizados, a vida não poderia ser assim tão ruim, porque se não para que a
vivemos? Eu tive a certeza que ele iria ser feliz do jeito que queria só pelo
fato dele não desistir.
Chegamos na minha
rua e eu avisei que era a ultima casa, ele foi então mais devagar como se
quisesse continuar falando para mim escutar e eu realmente queria escutar. Ele
agora falava que eu irei ter uma vida boa pela frente e que tudo que eu quisesse
ser eu seria porque eu tinha o poder de fazer as coisas acontecerem, que todos
tinham esse poder e ele não soube aproveitar esse poder quando precisou.
Paramos em frente à
casa de grades brancas e eu sai do táxi demoradamente enquanto procurava
dinheiro na bolsa da minha mãe que eu já havia expulsado do táxi e agora ela tentava
abrir o portão o balançando, revirei os olhos para aquilo e dando uma olhada no
taxímetro sem nem mesmo me importar e pegando qualquer coisa e entregando para
ele.
Parece que foi mais
do que deveria, mas eu não deixei ele me devolver mesmo que ele não parasse de
insistir. Antes de sair eu lhe disse para ele nunca perder as esperanças porque
o poder dele ainda existia e que sonhos se sonhados com muita força se
tornariam realidade.
Depois de entrar em
casa e deitar a minha mãe eu fui para o sofá que era onde eu iria dormir por
causa da quantidade desnecessária de pessoas em minha casa e fiquei pensando em
tudo aquilo que ele me dissera e sorrindo pela loucura dele, uma loucura tão inspiradora
que antes de dormir eu já pensava em escrever sobre ele na manha seguinte.
E assim eu fiz.
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Luiza.