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Um dia daqueles.

By quarta-feira, outubro 12, 2011 , , ,

    Estava atrasada de novo, andava pelo quarto arrumando tudo, me arrumando e separando os inúmeros papeis que teria que levar para o trabalho, o telefone de casa tocava, o meu celular tocava e ao longe uma musica barulhenta soava do apartamento dos meus lindos vizinhos roqueiros.

   Meu cansaço era enorme pela noite não dormida em frente ao computador escrevendo mais um artigo para a revista, às vezes eu tinha a impressão que essa revista era minha vida, pois tomava todo o meu tempo. Passava o batom enquanto colocava os saltos, sem nem mesmo ver se estava borrado, o tempo estava curto de mais.
  Minha cabeça, já logo cedo ameaçava doer e eu atendi ao telefone com pressa por ele ainda insistir em tocar, e como sempre era minha mãe querendo saber dos resumos da novela antes mesmo da revista sair, ela dizia que tinha esse privilegio por a filha ser a redatora chefe. Sem tempo nenhum eu disse que ligaria para ela mais tarde. Fui atrás do outro telefone e vi que era o meu ex-marido, com certeza reclamando do pouco de tempo que nossa filha passava com ele, eu nem sequer atendi.
  Velha acabada é assim que me sentia a cada dia mais. Coloquei um cinto na calça que caia e peguei um dos casacos jogados no guarda-roupa e por cima joguei um dos cachecóis do chão, o frio de Nova York estava insuportável essa manhã. Passei as mãos nos cabelos sem nem mesmo me importar em pentear, coloquei os papeis na grande bolsa junto com o notbook que estava debaixo da cama, como ele foi parar ali? Ninguém poderia dizer.
  Fui ate a cozinha e me lembrei que não havia preparado o café da manha e soltando um suspiro deixei para lá, fui ate o quarto rosa coberto de pôsteres e chamei a menina que ainda dormia tranquilamente, totalmente alheia do meu atraso e stress. A chamei umas três vezes ate ela finalmente acordar e ir direto pro banheiro a meus mandos.
  Coloquei cereal em uma tigela com leite para ela e fui ate o quarto novamente notando que não tinha aberto as cortinas e esquecido o maldito celular que ainda tocava. Ouvi minha filha gritar mamãe e com uma grosseria não normal a mandei esperar, ela não tinha culpa dos meus problemas, como uma garotinha de apenas dez anos teria culpa de tão agitada manhã?
  O chão do quarto parecia que iria abrir um buraco de tanto que eu o cruzava, dando voltas ate mesmo desnecessárias, exausta eu parei e pus a mão na cabeça, olhei para o lado e constatei que havia parado exatamente em frente ao espelho enorme que ia do chão ao teto. Eu olhei aquela pálida mulher velha, cheia de rugas antecipadas, pois não tinha idade para tê-las, aquelas manchas roxas em baixo dos olhos e o cabelo que caia no seu rosto totalmente rebelde. Os meus olhos pediam por um tempo e minha cabeça falava que ainda tinha esperança, meu corpo pedia simplesmente um café grande.
   Encontrei minha filha a cozinha já de uniforme tomando o cereal pacientemente, ela me viu naquele estado e soltou uma gargalhada, era realmente hilário como eu me encontrava. A mandei pegar a mochila que eu já estava atrasada de mais dando um beijinho em seus cabelos de bom dia.
Já estava na porta pronta e me encaminhei para o elevador ajeitando as alças da mochila de minha filha, apertei todos os botões e como sempre o elevador apareceu muito depois quando eu já quase desistia e ia de escada. Na porta do prédio eu quase corria e irritada com o som do toque do meu celular eu o desliguei, dei bom dia ao porteiro e fui em direção a rua gritando desesperadamente por um taxi.
  Empurrei minha filha para dentro junto com a minha bolsa enorme quando um taxi respondeu aos meus berros. Desci na escola e deixei a menininha lá que correu para as amigas, fui andando ate o prédio não muito longe onde se encontrava a redação da revista, a minha revista.  Parei para comprar um café e fui a ultima a ser atendida, saindo de lá bufando e finalmente entrando no prédio do meu trabalho.
  Assim que cheguei ao andar certo milhões de pessoas correram ate mim me mostrando paginas de reportagens, fotos de modelos, e propagandas e minha secretaria avisando as mil ligações perdidas para mim, nem sequer me deram bom dia e já me davam uma pilha de trabalhos inacabados.
   Sim, esse seria um dia daqueles eu pensei comigo mesma quando me livrei de todo mundo e fui para minha sala em um busca de um remédio para dor de cabeça, que agora já ameaçava explodir.                                    

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Luiza.