Sophia
Era uma noite fria em Paris, a chuva que caia não era o suficiente para deixá-la encharcada, mas o suficiente para a deixar contente. Fazia tempo que ela não fazia isso, saia andando no meio da noite para pensar, para achar esperança e paz.
Essa noite em particular ela realmente precisava disso. Os
seus saltos altos a fazia tropeçar se enfiando entre as pedras da rua, a sua
maquiagem estava arruinada pelas lagrimas, o seu vestido sujo de vinho e sua
cabeça uma bagunça, cheia de perguntas sem respostas e pensamentos inúteis que
a faziam lembrar o passado.
-Sophia?
Ela saia quem era e não olhou para trás era exatamente esse
o motivo dela estar andando àquela hora da noite. Sophia não queria ouvir a voz
dele, ou o ver e nem mesmo sentir o seu cheiro embriagante que a embebedava
mais do que o vinho.
Ela tirou os saltos sem nem olhar para trás e correu. Não
queria ter que fugir, mas precisava não queria ter que dar mais desculpas e nem
ouvi-las. Estava cansada e queria pensar, decidir o que fazer e depois voltar
para casa e ter a certeza que todo voltaria a ser como era antes.
Joseph gritou novamente, não sabia por que ela estava
correndo a única coisa que queria era poder se explicar, mas ela não deixava.
Só queria dizer a ela o quanto a amava, mas Sophia viva correndo, fugindo.
A historia dos dois é tão simples, e tão chata. Se
conheceram em uma festa de casamento, ela estava de vermelho e sentada bebendo
enquanto todos os outros dançavam . Ele foi fazer companhia a ela e desde então
não se paravam de falar. A paixão seria obvia, mas não aconteceu realmente, ou
aconteceu o problema é que Sophia sempre foi complicada de mais.
E por ser muito complicada ela corria agora pensando porque
qualquer homem conseguia a suportar como Joseph conseguia a ouvir chorando e
reclamando o tempo todo. Ate ela estava cansada de todo esse drama, porque ele
não se cansava? Foi isso que a fez parar e virar de frente para o homem alto a
sua frente que ofegava pela corrida.
-Me chamou? – Ela
disse na maior calma possível colocando uma mecha do seu cabelo de volta ao seu
lugar.
Os olhos dela brilhavam ao luar, mesmo estando vermelhos
pelo choro eles nunca perdiam a vida, já os olhos dele eram cansados de sempre
ver a mesma coisa, ver ela o seu amor e não poder se aproximar, não poder
passar do abraço.
- Sim, eu te chamei.
Sophia porque estava correndo?
Ela abaixou os olhos fitando os seus pés sujos e machucados.
A luz do poste falhou para se apagar totalmente em segundos, Sophia sempre foi
medrosa de mais e pulou para perto dele o abraçando, com medo do que o escuro
poderia trazer, mas tendo a certeza do que quer que fosse Joseph iria a
proteger.
Ele a sentiu nos seus braços sentiu as batidas do seu
coração disparadas contra o seu peito e naquele momento ele apenas quis poder a
abraçar e nunca mais a soltar. Fazer o para sempre durar o tempo que fosse
preciso para ele a fazer feliz.
- Eu senti vontade
de andar, de pensar, de chorar e de correr. E então eu o fiz.
Ele riu da ingenuidade dela. Ela sorriu ao ouvir o som doce
e ritmado da risada dele.
-Podemos sair daqui,
estou realmente com medo. – Sophia tentou não demonstrar o pavor em sua voz,
mas foi inútil.
- Não precisa ter
medo, eu estou aqui.
Ela se afastou, odiava quando ele fazia aquilo com ela. Era
como se ele fosse o príncipe encantado que ela nunca quis ter, como se almas
gêmeas existissem e ela não conseguir acreditar. Ela começou a andar de novo,
pelo caminho que veio o deixando parado lá, mesmo com medo do escuro, ela tinha
mais medo ainda do amor.
-Podemos apenas ir
para casa?
Ele a seguiu pelo caminho de volta todo em silencio, deixou
ate mesmo escapar algumas lagrimas que ela não se atreveu a secar, pois tinhas
as suas para se preocupar. E nenhum dos dois fez nada, era como dizem o
silencio conforta ate os mortos, e agora ela parecia estar morta.
Sophia entrou em casa sem se preocupar em convidá-lo a
entrar também, ele já estava atrás dela fechando a porta de entrada. Ela foi
ate a cozinha pegou o vinho da geladeira e encheu duas taças, pegou uma e foi
ate o banheiro. Sem se importar tirou o vestido sujo e molhado e entrou no
chuveiro estava preocupada de mais para curtir a água e triste demais para
prolongar a sensação de estar limpa.
Pegou uma camisa grande que estava no chão e a colocou. Ele
estava sentado no sofá, tinha ligado o radio e pegado a sua taça. Sophia se
encostou à porta o observando, ele tinha os olhos fechados e a cabeça para
trás, balançava o pé no ritmo da musica, ela deixou escapar um riso que o fez a
olhar ali, perfeita o encarando.
- É meia noite,
estamos em Paris e esta chovendo lá fora. Poderia ser mais perfeito? – Ela disse
olhando para fora da janela e mexendo nas mechas molhadas do seu cabelo que
pingavam água no chão.
-Sim, na verdade
poderia. Se você estivesse sentada aqui comigo, me abraçando.
Ela sorriu afinal que mau isso poderia fazer? Sophia se
aconchegou nos braços de Joseph e de novo o silencio se fez confortável. E os
minutos se passaram despercebidos. Ele se levantou quando a musica se tornou um
pouco mais calma e tirou a taça da mão dela que olhava tudo com uma cara de
surpresa.
Joseph puxou-a pela mão e começou a dançar com ela. Sophia
gargalhou alto quando ele a girou e depois a abaixou a fazendoela ter que
segurar firme no pescoço dele. Eles ficaram próximos de mais, e por instantes
ela quis diminuir menos ainda a proximidade e fazer o que sempre sonhou, mas
ela simplesmente não podia. Joseph pensava o mesmo que ela e também não podia,
não que não queria, mas ele não podia a perder e sabia que se a beijasse ali
naquele exato momento iria a perder para sempre.
Ela não conseguia mais se segurar e se soltou dele caindo no
tapete frio da sala e o puxando junto, o peso dele a esmagou e ele rindo rolou
para o lado. Sophia virou de lado e o encarou, e ele fez o mesmo.
Os olhos dos dois estavam imersos um no outro e a
necessidade de proximidade era inofensiva, mas grande. Uma lagrima escorreu dos
olhos dela e ele a secou era incrível como tudo poderia ser perfeito se ela ao
menos tentasse, se ela ao menos o deixasse ser aquele que nunca a abandonaria.
-Sophia, você mesma
que vive dizendo que Paris realiza sonhos, porque não me permite realizar os
seus?
Ela abaixou os olhos e com o indicador Joseph a fez olhar
nos seus olhos novamente, ela chorava. Ele não sabia quem ela costumava ser,
ele não sabia tudo que ela tinha feito, ele não sabia o que fizeram com ela,
mas ele só queria a fazer feliz e ela não acreditava mais em felicidade.
-Eu não tenho sonhos
para ser realizados.
Sophia se levantou do chão, pegou a sua taça e sai pela
porta da frente indo para lugar nenhum, só queria pensar um pouco, encontrar um
jeito de ser menos estúpida. Ela só precisava de um amigo, porque ele não
poderia ser apenas isso? Porque todos eles tinham que se apaixonar por ela?
A raiva a fez jogar a taça longe, e cair no chão chorando
como um bebê, e então braços a abraçaram por trás e ela se sentiu segura de
novo. Guardar as magoas do passado estava destruindo o seu futuro, mas ela não
conseguia deixar ir, ela não conseguia esquecer, não conseguia ser feliz com
tanta dor gravada em seu coração.
Joseph a virou de frente para ele e enxugou todas as
lagrimas prometendo coisas que ela tinha certeza que não iria cumprir, Paris
realiza sonhos, mas não realizou o dela, não trouxe a felicidade dela de volta.
Ela se levantou o deixando ali e saiu correndo novamente, e
depois quando viu que ele não a seguia voltou a andar, e a noite estava mais
fria ainda em Paris e agora ela não andava para achar esperança e paz, ela
andava para tentar esquecer esse novo amor. Ela andava para tentar esquecer
como tinha deixado a sua ultima chance de um final feliz.
Sophia sempre foi complicada de mais, sempre foi adorável e
sombria e ninguém nunca conseguiu tirar dela todos os seus segredos, nem mesmo
Paris tinha conseguido. E de certo modo ela estava contente de novo, a chuva
ainda caia.
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