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By terça-feira, maio 01, 2012 , , , ,

     

Eu te vi chegando, eu previ a dor que você me causaria, mas mesmo assim eu te deixei entrar. Te deixei se acomodar em minha casa, dormir na mesma cama que eu todos os dias, te deixei pegar cigarros emprestado que nunca seriam devolvidos. Eu deixei você entrar em meu coração e expulsar todo o sangue de lá.
Foi um erro te amar tão intensamente, um erro horrível pensar que você se importava como eu, pensar que você imaginou o nosso para sempre como eu imaginei milhões de vezes.
Tu me dizia que as coisas não eram assim tão simples, e eu lembro de sempre revidar falando que eu passaria por tudo para ficar do seu lado, que não me importava de esperar, porque o tempo com você valia a pena. Acabou que as coisas não eram mesmo simples.
E nenhum dos dois se incomodou em tentar resolver, em achar um meio termo em passar em cima do orgulho mesmo que isso significasse gritos insuportáveis e horas de tortura. Se lembra de quando me chamou de vadia e eu te pedi dinheiro para pagar a ‘vadia’ se lembra da primeira vez que me bateu?
Pois eu me lembro, e muito bem. Me lembro da marca dos seus dedos certinhas em meu rosto, de sentir como se as lagrimas que passavam por ali pesassem uma tonelada, me lembro do meu olhar de ódio para ti e o seu olhar de arrependimento. Falsidade.
Por todos esses anos eu pensava que era real, que você sentia tudo aquilo que me dizia, que falava serio quando dizia me amar e que aquelas promessas eram de coração, mas parece que tudo não passou de apenas palavras, de gestos. Como consegue ser tão frio?
Eu te deixei brincar com meu coração, desperdiçar a minha alma e falar mal de minha personalidade, mas já chega de mexer com a minha sanidade. Eu não sou louca, eu fui uma vez, louca por você, mas isso passou.
E parece que foi há décadas atrás que eu vi os seus olhos brilhando, seu sorriso encantador, sua voz enigmática cheias de segundos significados. Antes de tudo, quando eu ainda pensava que eu tinha achado o cara perfeito para mim.
E eu me lembro do sangue inundando a minha boca, saindo dos meus olhos como se fossem lagrimas, me lembro da dor em meu coração que foi tão forte, como se você estivesse o arrancando. Me lembro de estar pensando no seu sorriso quando via o meu mundo desaparecendo em suas mãos, de sentir aquela faca entrando em mim cada vez mais forte, cada vez mais profundo.
Não bastava apenas os danos por dentro era necessário também me destruir por fora, me matar lentamente curtindo cada segundo. E que alivio deve ter sido para ti, tirar todas as mentiras do peito e explodi-las na minha cara.
Eu espero que no final de tudo você pelo menos sinta culpa, porque sei que nunca vai pagar verdadeiramente pelo o que fez para mim. Sei que matar uma garota não faz diferença quando já se matou muitas. Porque eu fui só mais uma, não é? Mais uma que caiu nos seus encantos, que foi idiota o bastante para não ver aquilo que estava na minha cara.
E agora eu me pergunto se realmente valeu à pena desperdiçar a minha vida por um cafajeste, se valeu a pena te deixar entrar quando sabia que nunca iria sair, se realmente valeu a pena encontrar meu verdadeiro amor para descobrir que ele é um assassino.  
E para você eu não deixo meus cigarros, não deixo meu coração e nem a minha alma sem valor, não deixo as minhas palavras sujas e nem a culpa de me matar. Para você, meu amor eu deixo apenas saudades.
Saudades de uma prostituta para um assassino. 

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