Romances de novembro.
Ela passou mais uma pagina daquele romance envolvente. Seus olhos
passavam pelas linhas absorvendo todas as palavras, todas as vĂrgulas e
pontuando em sua mente aquele amor infinito e irreal.
Era mesmo um bom livro, cheio de lagrimas e paginas
cheirando a novas. Um romance de se arrepiar e uma morte de dar calafrios, uma
historia simples na verdade, um conto de fadas cheio de segredos.
Ela se apaixonou pelo autor e pela definição dele do amor, por
dizer que a felicidade não importa se alguém se importa com você, por afirmar
que respirar é apenas mais uma dádiva que a vida se esqueceu de cobrar.
As palavras nĂŁo se continham em ficar apenas em seus olhos
elas saiam por sua boca uma vez ou outra, importunando o silencio da casa, assustando
seu gato que cochilava aos seus pés. Não era a louca que todos pensavam, era
apenas normal do seu prĂłprio modo.
Ela sonhou com aquele novembro, com a chuva fria banhando
noites estreladas, com os pés doendo de tanto dançar. Se imaginou quando as
coisas eram fáceis, quando o amor era tudo e as dividas para pagar eram apenas
com Deus. Não queria, mas se lembrou dele e do seu cavalo branco imaginário,
dos seus carinhos inesquecĂveis, das suas palavras marcantes, do seu coração grande
e do dia que ele foi embora.
Foi em novembro também e ele nem mesmo olhou para trás. Era tarde
de mais para sentir saudades. Talvez se pedisse com vontade os seus sonhos se
tornariam realidade, se rezasse toda noite ele voltaria, mas se forçava a não acreditar
nisso. Isso nĂŁo era mais um romance, era a sua vida.
A sua triste vida, aquela que ela odiava, a que a forçava a
sentir dor todos os dias e acordar todas as manhas querendo que uma tempestade caĂsse
e a levasse embora. Ele nĂŁo devia saber disso, porque se soubesse nĂŁo me
deixaria aqui sozinha, nĂŁo me deixaria assim com tanto medo.
Ela esperava um final feliz quando entrou no ultimo
capitulo, um final feliz que nĂŁo aconteceu com ela, o final que sempre sonhou e
que nunca veio. E isso nĂŁo importava mais, ela teve o seu amor de verĂŁo, a sua
primeira paixão eu já tinha sobre o que escrever, não precisava mais dele.
Mentiras que ela se obrigava a acreditar para amenizar a
dor, Ă s vezes elas eram ate melhores que o cigarro, que os cortes, que tudo
aquilo que apenas criavam uma ilusão e enganava o coração de um modo que o
matava. As mentiras sĂŁo inofensivas e se forem bem contadas ate podem deixar
nascer uma falsa esperança.
E o final finalmente chegou, e ele deixou lagrimas em seus
olhos e um sentimento estranho em seu coração. E então ela se levantou, tomando
cuidado com o gato. Colocou o livro na estante e pegou outro.
Um vĂcio ela sabia, mas ver a felicidade das paginas viradas
era bem melhor que encarar rostos vazios e sentimentos falsos na vida real. Era
melhor viver na fantasia do que acreditar em um final feliz impossĂvel e em uma
eternidade cheia de dor.
E a vida continua, ela ainda tem muitos livros para ler.
* Mais um drama sem sentido, escrito em uma madrugada qualquer, a espera do meu prĂłximo livro a ser lido.
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