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Desculpas desnecessárias.

By sábado, abril 14, 2012 , , ,

    

As cinzas do cigarro caíram ao chão. Ela se levantou da cama a contra gosto, a chaleira gritavam avisando que o chá havia ficado pronto. Serviu-se naquela sua xícara favorita e voltou para o quarto sujando o seu par de meias coloridas nas tabuas soltas e barulhentas do chão.
Queimou a língua com o chá e passou a mão em seus cabelos curtos, cortados como se fosse de um menino, mas ela gostava assim, era apenas uma das coisas que deixava o seu charme ainda mais encantador e irresistível.
Era tarde de mais para chorar e cedo de mais para morrer. A madrugada caiu e ela nem se quer ligou, esperava uma ligação que nunca viria e de desculpas de quem nunca se importaria. Uma completa tola e ela sabia disso, e como de praxe não se importava.
A dor dentro dela incomodou quase tanto quanto a sua língua ardia. E com algum fato qualquer ela reparou que não valia a pena, nada nunca valeu a pena e nem mesmo isso a fez querer parar de ser assim, estranha.
O chá esfriou, o cigarro se apagou e ela continuava ali sentada no escuro com pensamentos voando enquanto seus pés continuavam ao chão, imaginando uma esperança que nunca morresse e um amor tão verdadeiro ao ponto de nem precisar de desculpas, elas nunca eram necessárias.
Como ele conseguia fazer isso com ela nem mesmo Deus sabia e como ela ainda o deixava não fazia sentido nem para ela. Ela estava casada de dar o seu coração a troco de nada, de dar o seu amor limpo e puro e receber mãos sujas que só procuravam um passa tempo.
O vento frio entrou pela janela aberta avisando da tempestade que viria a seguir, ela puxou as cobertas para o rosto pensando nos trovões que tirariam o seu sono essa noite, bom isso e aquele sujeito que deveria se importar mais e pedir desculpas.
Ela procurou por mais um cigarro quando as lembranças de um passado perfeito ameaçaram a vir. Não que cigarros adiantassem muita coisa, mas era melhor do que nada. E ela quis ter dado pelo menos um motivo, para aquelas palavras horrorosas que ele disse queria ter o amado menos e o ter feito dar valor a isso.
Uma batida, duas batidas. E um toque tímido na campainha. E ela se arrastou ate a porta pensando em quem seria àquela hora e nessa chuva.
Ele estava ensopado, seus cabelos ainda mais pretos sobe a fraca luz da sala, seus olhos inchados de sono ou de choro a olhando com uma fome de amor que seria insultante se não fosse posta com tanto carinho. E ela só conseguia pensar que no final das contas ela teria seu pedido de desculpas.
Suas meias encardidas se encharcaram quando subiram nas botas velhas dele, seu corpo todo se gelou ao entrar em contado com dele e o seu coração queria sair pela boca e cair dentro da dele. Não eram necessárias palavras, e nem mesmo os gestos, quando um amor é verdadeiro não se precisa de desculpas, porque elas nunca fazem diferença.
Sua língua queimada ardeu mais ainda quando se enroscou na dele e ela não se importou, a única coisa que ela tinha que se preocupar era em manter seu coração batendo, em manter o coração dele batendo. O resto podia esperar.

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Luiza.