Um dia.
Ela estava com um romance nas mãos, ele com uma aventura, os
dois deitados na cama de lados opostos. Os cabelos dela cor de fogo se
espalhavam pelo travesseiro que era divido com os pés dele.
A chuva caia janela a fora sem ser notada, ela se preocupava
mais com as lagrimas que ameaçavam cair de seus olhos a qualquer instante, não
pelo livro e sim pela tristeza que emanava dos olhos vazios dele que nem se
quer prestavam mais atenção no livro. Ela não conseguia o fazer sorrir e por
isso chorava.
Romeu amou Julieta ate a morte, conseguiria ela o amar tão incondicionalmente
assim se não conseguia nem ao menos o fazer sorrir? Disso não sabia, mas tinha
a certeza que morreria por ele, sem pensar duas vezes.
Isso não é um conto de fadas, nunca foi. Ela gosta de
desafiar as leis da física, de fugir da realidade, de viajar no tempo e ele
gosta das exatas, do resultado simples e correto, de não se surpreender. Em que
mundo isso poderia dar certo?
Ela vai a igreja aos domingos de manha, fuma e adora chá. Ele
teme a verdade, bebe cerveja e tem asma. E os dois sempre amaram ler.
Silencio.
A chuva tinha parado.
Ela desviou os olhos molhados para ele, que estava sentado
na cama, com as mãos na cabeça. Ela o abraçou por trás beijando as suas costas
por cima da blusa, ele quis que aquelas pequenas mãos o segurassem para sempre.
Ele jogou a cabeça para trás tentando tirar os gritos da cabeça,
os gritos dele. Culpa. Ela era tão pequena, tão sua e mesmo assim ele ainda
pedia por mais. Ela o abraçou mais apertado. E ficaram assim, lamentando a sua
dor, se confortando em um silencio mortal, sendo o casal perfeito e imperfeito
que eles eram.
Um casal, que nunca daria certo, mas que deu.
Ele disse que tinha
que ir, ela o soltou. Ele depositou um beijo na testa dela e prometeu ligar
mais tarde, ela pediu com os olhos marejados para ele não esquecer.
Apenas um segredo, ela afirmava para si mesma, todos tem
segredos. E sabia que contaria para ele, mas nunca era a hora certa, ela precisava
o fazer sorrir primeiro porque sabia que depois de revelado os sorrisos
desapareceriam, para sempre.
Depois de tudo isso a ultima coisa que ela queria era ver
olhos preocupados, eles eram ate piores que os olhos tristes.
Afinal, esse pode não ser um conto de fadas, mas existe um
amor que é tão grande quanto o de Romeu e Julieta e qualquer outro, um amor
verdadeiro e puro, mas que iria acabar logo.
Ela esta morrendo. Ele não faz idéia. E naquela noite quando
ele a ligou, o telefone não parava de cair na caixa postal. E no final ele
sabia o quanto ela o amava, e sabia que o amor dele nunca deixaria de existir.
Ele sabia que onde quer que ela estivesse, ela estaria lá
esperando por ele, para eles terem finalmente o seu para sempre, o mais
estranho dos finais felizes.
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Luiza.