A mala transbordava de roupas que nem haviam sido dobradas, eu andava pelo quarto pegando tudo que era meu enquanto bufava de raiva. Uma raiva sem sentido e que se alojava em meu coração apenas por ele estar vazio.

Um ano atrás eu estava feliz. Há um ano eu conheci o meu príncipe, e hoje ele nem se lembra de que eu existo. Deveria ser triste, mas me sinto bem, as vezes ele não era realmente o meu príncipe.

Promessas que ele nunca ira cumprir, um amor que ele prometeu que valeria a pena, uma chama que ele dissera que nunca ia deixar apagar. E a culpa é minha, sempre foi.

Nos trocávamos olhares que pareciam ser significativos apenas para mim. Ele sorria por educação e não fazia idéia de como aquilo me deixava por dentro. E eu me vi apaixonada por alguém que nunca se apaixonaria por mim. E eu simplesmente não conseguia esquecer ou deixar para lá.

Eu fui a tola a me apaixonar por alguém que acredita em Deus e dizia cumprir promessas, que nunca prestou realmente atenção em quem eu era ate eu mesma me por a sua frente e dizer o quanto eu o amava. Foi confortável para ele ter alguém como eu, e era bom para mim ate eu descobrir o quanto ele me fazia de tola.

Ele cantava para mim, sentava com o seu violão velho e arrancava notas dele com tanto amor, que me fazia sorrir de orelha a orelha. E eu me sentava a sua frente olhando nos seus lindos olhos cor de mel e me iludia com seus lábios carnudos,  sonhando acordada com aquele seu humor me contagiando todos os dias. Ele dizia que eu era a sua musa, mas nunca escreveu uma única musica para mim.

Quando nos conhecemos eu vi nele tudo àquilo que queria e que precisava, eu não acredito tanto no amor para dizer que foi a primeira vista, mas na noite seguinte eu sonhei com ele.

 Um sonho que me fez perder a cabeça, ele surgiu do nada depois de um telefonema desesperado e se deitou comigo, esquentou meus pés e fez carinho em meus cabelos ate eu pegar no sono. E eu me lembro bem de sentir aquela descarga elétrica toda vez que ele me tocava, era apenas um sonho eu dizia a mim mesma, ate ele se tornar realidade.

Eu acreditava que duraria para sempre, que eu faria durar para sempre. Que eu conseguiria o fazer se apaixonar por mim, que eu não seria mais tímida e o faria ser meu. Eu tinha a certeza que todo o amor que eu sentia seria o suficiente, para nos dois e a eternidade.

Me lembro do dia que ele me disse que me amava pela primeira vez, ele estava de terno e gravata e eu de tênis e calça jeans. Não foi programado, apenas nos encontramos, eu indo para casa e ele indo para um casamento. As suas palavras foram doces, ele disse que amava meu sorriso, e o jeito que meus olhos estavam sempre brilhando, que amava pensar no meu jeito desajeitado de andar e em como eu sempre embolava as palavras. Ele disse que me amava e que me queria com ele para sempre, e essa foi apenas a sua primeira metira.

E agora eu vivo com a decepção, com a raiva de ter me feito de idiota, de ter deixado ele e a suas mentiras iludirem meu coração fraco, e de amar aquele que apenas queria uma ocupação. Amor para ele era um contrato, eu era um brinquedo e as mentiras faziam tudo mais fácil.

E eu me cansei, de tudo isso. E é por essa razão que eu faço as malas, eu não posso mais ser a ‘garota bonita que ele dormiu a noite passada’. E eu odeio os segredos que ele guardava as mentiras que contava, eu odeio ainda o amar. Eu o odeio por matar o meu conto de fadas e ser apenas o sapo quando eu precisava de um príncipe.

Eu peguei a minha mala e sai pela porta e me despedi silenciosamente do meu único verdadeiro amor. O desejei uma boa noite de sono e bons sonhos, e finalmente o agradeci por todos os bons momentos e por toas palavras verdadeiras, por ter me dado o gosto amargo do amor e ter me feito finalmente ver que não existe as tais coisas chamadas contos de fadas.

_ Eu sentirei a tua falta meu amor.

E simples assim eu acabei com as mentiras e com a minha dor, deixando pra tras uma coisa que eu deveria ter matado desda primeira vez que senti.