Amor mentiroso.
E era nele em que ela pensava enquanto estava deitada ali
naquela banheira com água fervente. A garrafa vazia de vodka do seu lado a
lembrava do doce gosto da sua antiga vida e não da amargura dessa cheia de
lagrimas salgadas.
As lembranças acabavam com sua mente, derretia sua esperança
e fazia toda aquela dor acumulada em seu coração a apertar dentro de si ainda
mais. E dói, como doía lembrar de noites como essa, cheias de sorrisos e
felicidades onde nada mais importava. Hoje tudo importa principalmente ele e
a sua vida que não a incluía, não mais.
Ela suspirou e enfiou sua cabeça na água que já começava a
esfriar para afogar as lagrimas, fazia de tudo para não levantar, queria que aquele
tivesse sido seu ultimo suspiro. Admitia que era covarde de mais e fraca. E no
final ela acabou se levantando, afinal essa não é uma historia de assassinatos,
apenas de corações mortos por um amor quase tão verdadeiro quando a sua mais
falsa amiga.
Talvez, fosse melhor sair daquela banheira gélida e o enfrentar
de cabeça erguida, mostrando não temer suas mentiras e não ligar para suas traições.
Levantar o nariz e assoprar a fumaça do seu cigarro velho na cara dele. Se encher
de orgulho jogando palavras sujas na sua cara, apontando o dedo para ele,
sendo a superior e não o deixando a tratar como uma prostitua mais.
O ódio que se formava no seu peito não era por ele e sim por
ela mesma, por amar um idiota, por sofrer por ele e por mesmo depois de tudo
ainda o amar com sua vida e o querer de volta. Podia ser ate masoquista de mais
para querer continuar sofrendo com ele, mas às vezes o amor que ela sentia
valia à pena, mesmo não sendo correspondido.
Quase caindo da banheira na procura do maldito cigarro que
tinha deixado por ali ela se deu conta de como estava sendo patética, de como a
idiota na historia toda estava sendo ela e finalmente de que essa tal coisa
chamada amor não existe e que gostava de ser tratada como uma vadia.
Ela colocou a mão em sua barriga sentindo o álcool dentro de
si revirar, ela tentou imaginar um futuro, mas a única coisa que conseguia ver
era a morte. A culpa por tudo aquilo a matava lentamente, os arrependimentos a
faziam ter nojo de si mesma e as coisas que ela tinha feito por aquele idiota
só gritava mais ainda o quanto ela era uma idiota. Dois idiotas que amavam se
odiar a cada dia mais.
A campainha tocou e ela não se incomodou de ir abrir, não
queria ver ninguém e principalmente não queria sair da sua banheira cheia de
magoas. Ouviu passos pela casa e se amaldiçoou por nunca trancar a porta.
Ele abriu a porta e a
encontrou ali dentro da banheira com a cabeça jogada pra trás tamborilando os
dedos sem nem mesmo se importar em abrir os olhos inchados que mostravam as
suas horas de choro.
Também não se importando ele ajoelhou na beirada da banheira
esmagando o cigarro perdido com seu joelho e encostando os seus lábios nos dela
que a fez finalmente abrir os olhos e encarar o idiota com os dedos pálidos alisando
seus ombros e seus lábios em seu queixo. Ela o odiou ainda mais por a deixar indefesa
daquele jeito, e a si mesma mais ainda por continuar o deixando.
Palavras mentirosas saíram da boca dele e nem chegaram aos
ouvidos dela. Tão suja por continuar alimentando um amor mentiroso. E mesmo
assim não fez nada, as coisas não podiam ficar piores do que já haviam ficado,
e não era apenas ele que brincava com os sentimentos da moça, ela também nunca
fora uma santa.
Uma triste historia
que não precisava e nem merecia ser contada. Minhas doces palavras sujas.
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Luiza.