Tardes tristes.
As portas passavam
tão rápido que eu pensei estar perdida, mas eu já tinha ido ali muitas vezes
para saber com precisão qual era o quarto certo. Entrei sem bater sabia que ninguém
ali se incomodaria.
Me sentei ao lado
dele, e fiquei o observando dormir e quis que ele acordasse logo, não agüentava
mais eu precisava dele. Eu estava perdida ali, precisava dele ao meu lado. Senti
meus olhos se encherem de novo, era assim toda vez que eu me sentava naquela
cadeira e eu já estava cansada de mais.
Eu contei do meu dia
para ele, me impedindo de chorar e querendo que ele se atualizasse do que se
passava na minha vida, ele sempre ficava ansioso de mais para saber. No meio da
interessante historia sobre o preço do café aumentando uma enfermeira entrou no
quarto, sorriu para mim e começou a fazer o seu trabalho.
Ela mexia em tubos e
media coisas e eu me senti intrusa ali, atrapalhando. Sai porta a fora
procurando um lugar para me abrigar onde não tinha tanto branco. Uma porta
marrom me chamou a atenção e eu fui ate lá me deparando com uma igreja.
Um homem chorava
sentado em um dos bancos da frente e uma idosa mais atrás estava ajoelhada com
as mãos no rosto. Eu entrei encantada pelo clima pesado do lugar, tentando
imaginar o que estava se passando na vida daquelas duas pessoas, evitando ao máximo
pensar na minha própria vida.
Me sentei no ultimo
banco e encarei o altar, e sem nem mesmo perceber eu estava conversando na
minha cabeça com alguém, não podia dizer que era mesmo Deus pois eu tinha as minhas
duvidas. As lembranças de todo aquele mês me atormentaram, e toda a dor que eu
tentava guardar lá no fundo do meu ser de repente saiu, como se todo meu
esforço fosse em vão.
Cai de joelhos ali
no chão daquela capela banhada de lagrimas, rezando para quem quisesse ouvir,
pedindo de todo coração para que me trouxesse ele de volta, que não deixasse
morrer, que me desse forças para continuar ali do lado dele como ele sempre
esteve do meu.
Pelo canto do olho
eu vi a idosa e o homem virados para mim, não havia me dado conta de que estava
chorando tão alto, mas eu não me importei, de certa forma era bom finalmente
largar toda aquela dor no chão frio, na espera de um milagre.
Quando finalmente me
acalmei, levantei do chão dando um sorriso para a velinha que ainda me
encarava, me dirigi novamente para o quarto dele, sentando na mesma cadeira,
olhando para os mesmos olhos fechados.
Coloquei a minha mão
sobre a sua que estava tão gelada, olhei para o relógio na parede e vi que já
estava tarde, mas me matava para continuar ali, passar mais algumas horas do
meu dia olhando para o seu rosto e sentindo saudades.
O barulho irritante
que saia das maquinas era reconfortante, diferente do barulho que meus saltos
faziam, esse simples barulho me dava à certeza que seu coração estava batendo e
que ele ainda não havia desistido e que eu continuaria esperando por ele,
rezando.
-Eu sinto a sua
falta pai.
Eu disse apertando a
sua mão, dando um beijo em sua testa e saindo daquele quarto, encarando
novamente as paredes brancas nojentas, me irritando com os meus sapatos e mesmo
assim não vendo a hora de vir novamente semana que vem.
* ' Doí saber que nada impede ele de me ligar, de me procurar ou simplesmente me mandar lembranças. As vezes eu queria que ele estivesse morto, ai ele teria uma desculpa por ter me deixado.'
Eu achei isso escrito em uma agenda velha minha, e essa ideia para texto veio na minha cabeça...
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