Vícios.
Ela puxou o ar para
dentro de si, não porque queria, mas parecia o certo. Apenas quando o ar
atingiu seus pulmões que ela percebeu o quanto poluído ele estava. A fumaça do
cigarro que saia da boca dele nunca a incomodara, no entanto hoje a poluía.
_Esse vicio vai
acabar lhe matando. - Ela disse automaticamente e se arrependeu assim que viu
os olhos dele caírem, desapontado ela pensou.
_O amor que sinto
por ti também vai acabar me matando.
Ela sentiu seus
olhos encherem de lágrimas, e sem nem ao mesmo pensar duas vezes as puxou de
volta. Ele a olhou triste, ela o olhou triste. Os olhos dos dois pesaram e ela
decidiu que não deixaria o amor dele o matar mais.
_ Pare com esse
vicio também, se vai lhe matar pare de me amar.
Ela se levantou do sofá velho e empoeirado e se dirigiu a
porta daquele quarto minúsculo que ele humildemente chamava de casa. No entanto
ela não conseguiu chegar a porta, braços, os braços dele a abraçaram por traz.
_ Eu prefiro morrer a viver sem o meu amor por ti. - Ele sussurrou no ouvido
dela.
_A vida
é mais importante que o amor, não deixe de viver para amar alguém como eu.
_ Tu não podes me impedir de te amar, e eu vou sempre lhe escolher, não
importa o que estiver em jogo. - Ele a virou de frente para encarar os seus
olhos caramelos que lhes dizia tudo.
Ela não conseguiu o encarar, o motivo era desconhecido para ela, e então
abaixou os olhos para as tábuas gastas no chão. Ele puxou o queixo dela para
cima com o indicador.
_Eu amo-te, não posso lhe matar. – Ela disse simplesmente.
_ Eu sempre assumi meus riscos com o cigarro, posso assumir meus riscos
contigo também.
_Não é
o bastante.
_Eu paro de fumar. – Ele implorou.
_ Mas, não vai parar de me amar.
_Parece que tu não queres que eu lhe ame. –
Ele reparou já sentindo uma pontada de dor.
_ Eu não quero que tu me ames se
for morrer por isso.
_Eu não vou morrer, sei que tu não
ira deixar, vai sempre me salvar.
_Tu és impossível, já lhe disse
isso?
Ele sorriu, ela sorriu. Eles se sentaram novamente no sofá, soltando uma
fina camada de poeira no ar, as pernas dela passaram por cima das pernas dele.
Ele pegou o cigarro novamente e ela sem alternativas puxou a poluição para
dentro de si, porque era certo e sempre seria.
As mãos pequenas dela encontraram a xícara de café sobre a mesa de
centro e a levou aos lábios escondendo dentro dela o seu nariz e metade das
bochechas coradas.
_ Esse vicio vai acabar lhe matando. – Ele disse sem ao menos perceber.
_O amor que eu sinto por ti
também ira me matar. – Ela disse calmamente.
E tudo começou novamente, porque afinal o amor
é o maior vicio de todos.
0 Amores
x Comente
x Comente sobre o post!
x Criticas construtivas são bem vindas!
x Desrespeito será ignorado.
x Sua opinião é importante!
Obrigada,
Luiza.