Eu olhei para o teto e comecei a pensar. O branco era muito enjoativo e logo eu coloquei milhões de sonhos, esperanças e pessoas nele, desenhando como se estivesse com milhões de lápis de cores na mão.

  Depois de pronto, eu passei a encarar a minha obra prima, que eu chamava de vida. Faltava alguma coisa, mas eu me impedia de colocá-la, porque afinal disso eu precisava esquecer. Eu retratei toda a minha felicidade, a parte boa da minha vida, faltavam as minhas dores e as minhas lagrimas.

  Eu deixei sem, pensando que se eu me focasse nas coisas boas, as ruins iriam desaparecer. Não sei de dizer se eu estava certa ou não.

  Eu me achei novamente naquele teto que antes era frio e pálido. Não me lembro de quando me perdi e nem ao menos senti falta, mas eu precisava me achar de novo, no meio de toda bagunça eu precisava de conforto, um conforto que apenas eu mesma poderia me dar.

  Eu nunca fui pessimista, desde ano passado. Sempre falava coisas para as pessoas que eu mesma não acreditava, agora eu acredito. Eu vou fazer tudo dar certo de novo, vou fazer as minhas lagrimas serem esquecidas, não afogarei as minhas magoas em pessoas, colorirei a minha vida a partir do teto.  

  Inesperado? Complicado? Tarde de mais? Não vai valer à pena? Difícil?

  Isso não me importa mais, eu decidi finalmente seguir em frente, decidi ser feliz acima de tudo e não deixar todos esses problemas me afetarem como antes, minha mãe me disse que ao invés de chorar por eles eu deveria procurar resolve-los, o mais rápido possível.

  Eu fiquei a noite toda encarando o que para qualquer pessoa seria o nada, e tentei a manha inteira e não consegui, eu fui a casa dele e tudo desabou todos os meus sonhos do teto foram por água a baixo. Meus esforços pareciam ter sido inúteis, mas enquanto eu no escolar falava uma coisa para a Bells aquela sensação voltou, a sensação me dizia que eu deveria tentar e que não custaria nada.

  Eu vou fazer de tudo, de tudo mesmo, mas eu vou conseguir minha felicidade de volta, eu preciso disso. Eu vou lutar com todas as forças que restaram, mesmo que eu não ganhe, pelo menos poderei dizer que tentei.
  Se eu posso alcançar o teto de meu quarto, porque não conseguiria alcançar o céu?