ImpossÃvel esquecer.
Estava uma noite fria e chuvosa, a densa neblina cobria ate
acima da minha cintura, e no curto caminho da minha pequena loja ate o carro eu
já estava morrendo de medo, com os joelhos trêmulos e os olhos a procura de
monstros. E foi ai que eu me lembrei de você.
De você dizendo que eu não precisava ter medo porque sempre
estaria comigo. Me lembrei de quando nos éramos crianças e eu vivia indo para
sua cama no meio da noite para você segurar a minha mão. De como você parecia
seguro de si quando dizia que os monstros que viviam no escuro eram alem de
imaginários, aterrorizados com menininhas de camisola.
Você dizia que eu era forte como um muro e teimosa como
uma mula, que todos me temiam e não o contrario, mas não era verdade.
Apenas a menção do seu nome e eu derreto, o seu toque me fazia perder todas as
forças e o seu olhar era como uma droga, mais forte que a cocaÃna. O seu amor
foi à coisa mais forte na minha vida, e o que me deixou fraca.
E lembrar de você sempre foi como ler um livro ou assistir
um filme, como se não fosse real e estivesse bem ali na minha frente. Eu
nunca acreditei realmente que você existia, acho que eu nunca quis acreditar,
era mais fácil se fosse apenas um sonho, um livro.
Mas era real, melhores amigos desde criança, apaixonados
desde sempre ou foi assim que eu achei. E então eu me lembrei quando você disse
adeus, com lagrimas nos olhos por saudades que nunca passariam, por um amor que
nunca morreria.
Foi simples e mortal, como um tiro em meu coração. E eu não
disse uma palavra, eu apenas te deixei ir, porque quem ama deixa ir, diz a
estúpida musica que eu amo tanto, mas ela diz também que quem ama de verdade um
dia volta. Você não voltou.
E eu chorei por cinco dias direto, sem sair da cama e pensei
que nunca iria sair mesmo, mas aquela minha amiga que sempre te odiou colocou
na minha cabeça que amor é apenas uma pedra na vida, uma pedra muito grande e
que não podemos ficar atrás dela. Então eu saia da cama, e deixava minhas
lagrimas para as noites que eram repletas de sonhos com você.
Aposto que você nem mesmo reparou que já se passaram seis
anos que nós não nos vemos, você não se incomodou de ligar, de escrever ou de
dizer que estava bem e eu ainda me acho ridÃcula por saber dos seus finais
felizes por sua mãe e saber que eu estou no mesmo lugar que você me deixou. Esperando
quem eu sei que nunca vai voltar.
Mas eu não esperei parada, eu escrevi aquele livro que queria
e mais dois depois dele, abri a minha loja que eu tanto sonhava e conheci
pessoas maravilhosas, namorei algumas, mas nunca amei ninguém, não como eu te
amei, não como eu te amo.
E isso deveria passar, como os filmes, um dia eventualmente
nos esquecemos e temos que assistir de novo para lembrar dos detalhes, mas não
com você eu me lembro de cada detalhe, de cada mania, do seu jeito de falar
mesmo não escutando a sua voz a muito tempo, do seu cheiro e de todas as nossas
risadas juntos. Foi um bom filme, deve ser por isso que eu não consigo
esquecer. Ou talvez seja porque eu amo de mais, porque eu tenho esperança de
mais ou porque eu sou realmente estúpida.
Eu já cheguei em casa, ainda estou com medo e vou dormir sem
a sua mão para segurar e me dar segurança. Isso acontece algumas vezes sabe, eu me lembro
e começo a pensar em tudo de novo, deixo algumas lagrimas escaparem e escrevo
uma carta assim para você, depressiva e que nunca vai ser lida, porque nunca
vai ser enviada.
E no final eu acabo com uma taça de vinho na mão, dançando
sozinha com musica muita alta e com um sorriso no rosto. É impossÃvel esquecer,
mas isso não significa que eu preciso sofrer.
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Luiza.