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Impossível esquecer.

By sexta-feira, agosto 03, 2012 , , ,



Estava uma noite fria e chuvosa, a densa neblina cobria ate acima da minha cintura, e no curto caminho da minha pequena loja ate o carro eu já estava morrendo de medo, com os joelhos trêmulos e os olhos a procura de monstros. E foi ai que eu me lembrei de você.
De você dizendo que eu não precisava ter medo porque sempre estaria comigo. Me lembrei de quando nos éramos crianças e eu vivia indo para sua cama no meio da noite para você segurar a minha mão. De como você parecia seguro de si quando dizia que os monstros que viviam no escuro eram alem de imaginários, aterrorizados com menininhas de camisola.
Você dizia que eu era forte como um muro e teimosa como uma mula, que todos me temiam e não o contrario, mas não era verdade. Apenas a menção do seu nome e eu derreto, o seu toque me fazia perder todas as forças e o seu olhar era como uma droga, mais forte que a cocaína. O seu amor foi à coisa mais forte na minha vida, e o que me deixou fraca.
E lembrar de você sempre foi como ler um livro ou assistir um filme, como se não fosse real e estivesse bem ali na minha frente. Eu nunca acreditei realmente que você existia, acho que eu nunca quis acreditar, era mais fácil se fosse apenas um sonho, um livro.
Mas era real, melhores amigos desde criança, apaixonados desde sempre ou foi assim que eu achei. E então eu me lembrei quando você disse adeus, com lagrimas nos olhos por saudades que nunca passariam, por um amor que nunca morreria.
Foi simples e mortal, como um tiro em meu coração. E eu não disse uma palavra, eu apenas te deixei ir, porque quem ama deixa ir, diz a estúpida musica que eu amo tanto, mas ela diz também que quem ama de verdade um dia volta. Você não voltou.
E eu chorei por cinco dias direto, sem sair da cama e pensei que nunca iria sair mesmo, mas aquela minha amiga que sempre te odiou colocou na minha cabeça que amor é apenas uma pedra na vida, uma pedra muito grande e que não podemos ficar atrás dela. Então eu saia da cama, e deixava minhas lagrimas para as noites que eram repletas de sonhos com você.
Aposto que você nem mesmo reparou que já se passaram seis anos que nós não nos vemos, você não se incomodou de ligar, de escrever ou de dizer que estava bem e eu ainda me acho ridícula por saber dos seus finais felizes por sua mãe e saber que eu estou no mesmo lugar que você me deixou. Esperando quem eu sei que nunca vai voltar.
Mas eu não esperei parada, eu escrevi aquele livro que queria e mais dois depois dele, abri a minha loja que eu tanto sonhava e conheci pessoas maravilhosas, namorei algumas, mas nunca amei ninguém, não como eu te amei, não como eu te amo.
E isso deveria passar, como os filmes, um dia eventualmente nos esquecemos e temos que assistir de novo para lembrar dos detalhes, mas não com você eu me lembro de cada detalhe, de cada mania, do seu jeito de falar mesmo não escutando a sua voz a muito tempo, do seu cheiro e de todas as nossas risadas juntos. Foi um bom filme, deve ser por isso que eu não consigo esquecer. Ou talvez seja porque eu amo de mais, porque eu tenho esperança de mais ou porque eu sou realmente estúpida.
Eu já cheguei em casa, ainda estou com medo e vou dormir sem a sua mão para segurar e me dar segurança.  Isso acontece algumas vezes sabe, eu me lembro e começo a pensar em tudo de novo, deixo algumas lagrimas escaparem e escrevo uma carta assim para você, depressiva e que nunca vai ser lida, porque nunca vai ser enviada.
E no final eu acabo com uma taça de vinho na mão, dançando sozinha com musica muita alta e com um sorriso no rosto. É impossível esquecer, mas isso não significa que eu preciso sofrer.

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