Loucura.
_ Você não pode fazer isso comigo, não pode fazer isso
consigo mesma! E sem nem mesmo um motivo, isso é estupidez! Fale comigo quando
estiver normal, quando for você mesma de novo.
Ele gritou de volta, eles estavam nesse bate e volta há um
tempo. Perturbavam os vizinhos e tiravam a paz do universo com as suas brigas. Ela
havia quebrado o seu coração de vidro e explodido a sua mente, e o culpado era
ele.
_ Já basta. Eu não posso mais.
E queimou, os cacos de vidro cortaram todas as suas
lembranças, toda a sua felicidade deixando para trás apenas as tristes feridas
que nunca cicatrizariam. Queimava tanto que ela não agüentava mais, não queria
o deixar ir, mas deveria.
E ele estava lá, olhando no fundo dos olhos dela, vendo todo
o sofrimento que ela passava sem poder fazer nada. Não porque não queria, mas
porque ela não deixava.
_ Me de apenas um motivo, e eu saio por essa porta e não
volto nunca mais.
Os gritos ecoavam na cabeça dela, não só os dele, mas de
todos os mortos e os vivos que ela já havia machucado e pareciam que eles nunca
iriam acabar, como se estivessem se vingando, como se estivessem jogando na
cara dela tudo que ela não se permitia ver.
_ Eu fiquei louca quando estava com você. Você me deixou
louca!
E tudo parou a queimação, os gritos e tudo mais. Ele chegou
perto dela, se abaixou ate chegar em seu ouvido e sussurrou com frieza e com
amor.
_ Você mesma se levou a loucura.
Ele deu as costas, mas parou na maçaneta da porta sem
conseguir deixar o amor da sua vida por capricho. Ela estava parada, estática,
com olhos marejados e o coração destruído nas mãos.
Ela não era louca, não podia ser, apenas não. E foi pensando nisso que ela finalmente
conseguiu se mexer, pegou o vaso de flores da mesa e tacou com toda a sua força
na parede, descontando toda a sua raiva e assinando o seu atestado de louca.
_ EU NÃO SOU LOUCA!
Os olhos dela que estavam marejados agora caiam lagrimas
grossas, lagrimas de dor. Ela gritava para o mundo, quebrava tudo que aparecia
ao seu alcance, precisava apenas de que esse pesadelo acabasse e que acordasse
novamente nos braços dele.
Ela odiava a si mesma, e culpava a ele, odiava a ele por não
assumir a culpa e a todos aqueles que a fizeram ficar daquele jeito, odiava não
ter escapatória. Odiava depender de sorrisos para sorrir, e de remédios para ficar
nesse mundo. Odiava amar tanto e precisar tanto dele enquanto ele não conseguia
nem se virar para ela.
Ela desmoronou no chão, sem se agüentar mais em pé, banhada
em lagrimas que pareciam nunca ter fim, queimando no meio dos gritos ela
segurou sua cabeça desejando a arrancar fora. Ele finalmente largou a maçaneta
que segurava com força e encarou ela ali a mercê de seus medos, de sua loucura
e foi ate ela.
Ele a abraçou limpou as suas lagrimas, e a impediu de
protestar e gritar. Ele espantou as vozes e catou os pedaços do coração dela,
porque ele a ama e mesmo que a vida a tenha levado a loucura, ele estaria ali,
para protegê-la e segura-lá toda vez que ela pensasse em cair.
_ Nada de ruim vai acontecer, eu vou cuidar de você. Eu prometo.
Ela olhou nos olhos dele e viu a verdade, que ela não
conseguiria sem ele, mas sabia que ele não seria forte o bastante porque o
fardo dela era muito grande e que logo ele se tornaria uma das vozes em sua
cabeça, gritando por socorro.
Porque é isso que o amor nos faz, o amor nos leva a loucura.
*Escrito ao som de Breathe me- Sia
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