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Contra as regras.

By terça-feira, novembro 22, 2016 , ,



O vento embolava os cabelos dela, o toque de suas mãos geladas arrepiava os pelos da nuca dele. Eles pertenciam-se, se tornaram livres contra a vontade de todos e se amavam porque não havia nada no mundo que poderia impedir o destino de duas almas sofridas que procuravam apenas apoio.
Ela já tinha esquecido o seu nome, já tinha se perdido na loucura, já tinha deixado de acreditar que ser normal era necessário, ela se embrulhava em suas cicatrizes, chamava a sua mente disfuncional de lar perfeito. Ele andava na corda bamba da vida, não sabia o que era tomar decisões, se enchia de esperança por ser, mas estava sempre caindo e nunca levantando.
O amor existia por existir, não estava predito ou escrito, ele apenas era.
Apesar de tudo, quando ele olhava fundo nos olhos azuis brilhosos dela, todo o errado se tornava funcional, sua alma acalmava, seu coração cantava. E quando os lábios secos dele encontravam os dela, ela conseguia lembrar o seu nome, encontrava a paz que precisava e que parecia nunca estar ao seu alcance.
Ele pedalava a bicicleta cada vez mais rápido, adorava escutar a gargalhada medrosa dela. Não tinha um destino e nem uma rota, eles andavam contra a maré. A chuva começou a cair gelada e sem respeito, cortando o rosto dela e dele, estragando o momento e glorificando a memória, a risada dele se juntou a dela e eles riam sem motivo nenhum. Rir ao lado dele parecia ser o paraíso e ela se deixava inteira nele.
Eles riram até chegar em casa, molhando a escadaria do prédio toda enquanto escorregavam degrau por degrau, deixaram as roupas encharcadas ali no chão mesmo perto da porta e apostaram corrida até o banheiro. A água quente do chuveiro ricocheteava da cabeça dele nos ombros dela, ela não sabia o que mais queimava, a água quente ou o toque dele. O banheiro se encheu de vapor enquanto os dois cobriam se um do outro, se amando a cada beijo e a cada batida pesada de coração.
Ela se demorava em momentos assim, não suportava pensar no futuro e pensava no fim mais do que devia. Ele fez chá e se deixou no sofá, ela o via como uma peça de decoração, com os cigarro caído na boca, a xícara na mão e mais um daqueles livros chatos apoiados na perna, ele era uma pintura e ela adorava atrapalhar a simetria dele.
Ele viu o amor da sua vida apoiada na parede sem jeito o olhando com aquela cara sonhadora e pensou que não havia outro lugar no mundo em que ele gostaria de estar se não fosse ao lado dele. Ele significava o mundo para ela.
-Para onde vamos amanhã?
Ela se sentou ao lado dele no sofá roubando o seu cigarro, o seu chá e o seu amor. Palavras quase nunca eram necessárias, eles não foram feitos um para o outro, eles não jogavam de acordo com as regras do jogo.
-Para onde você for, eu vou.

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Luiza.