Me perder em você.
baseado na música "A noite'" - Tiê
Ela já tinha
passado as cotas das coisas que não devia fazer, dos sonhos que já riram de sua
cara, ela já tinha cansado de olhar os seus olhos no espelho e se encontrar com
o vazio. Qual é o peso da culpa que ela carregava nos braços? Maior do que
podia aguentar.
Ele bateu a
campainha e som soou no apartamento dela vazio, vazio de pessoas de alma e de
sentimento. Estava colocando o vestido ainda, o florido para reafirmar a sua
delicadeza que era mascarada por uma carranca de mulher ocupada. Ela o pediu
para esperar enquanto passava o batom cor de rosa e penteava seus cabelos
loiros em um coque, ela estava linda assim e foi à primeira coisa que ele notou
quando ela finalmente desceu as escadas do prédio correndo.
Eles foram
naquele mesmo restaurante que ele amava, mesmo que ela não gostasse de comida
chinesa. Ou gostasse, a maldade do tempo havia a afastado de si mesma. A conversa
entre os dois variava de superficial ao sol do dia anterior, no meio do caminho
a necessidade por algo profundo e significativo tinha se perdido, mas o
sentimento... Esse nem o tempo conseguia afastar.
- Não estou
mais conseguindo dormir a noite.
O peso em seus
ombros falou mais alto, não era justo o que a vida tinha colocado para ela
lidar, não era justo porque não havia mais nada que ela poderia fazer, a não
ser compartilhar esse peso.
- Por quê?
- Porque pelo
tanto que eu te quero o perto não basta, me perdi no que era real e no que eu
inventei e agora não consigo mais me achar a não ser nos seus braços, mas
parece que toda vez que eu estendo as mãos você vira as costas.
Ele continuou
comendo sem me dar uma resposta, não porque ele não sabia responder, mas sim
por ter medo do impacto que a resposta teria sobre ela, mesmo sabendo que ela
já havia aguentado de mais. Ela amava a imagem que ele tinha dela, ela amava a
vida que poderia ter com ele, ela amava que a paixão fosse antiga e que o
tempo pareceu nunca passar.
Mas isso não
era suficiente, era?
Eles terminaram
de comer em silêncio, pagaram a conta e foram até a porta. Estava chovendo.
- Você se
importa com a chuva? – Ele perguntou.
Ela fez que
não com a cabeça e eles saíram caminhando sem preocupação nenhuma pela chuva,
ele estendeu a sua mão e pegou a dela. Seu coração acelerou como se fosse a primeira
vez que ele havia feito isso e aquele sentimento de solidão que a assombrava
todas as noites, parecia insignificante.
Chegaram à
porta do prédio e o olhar parecia ser inquebrável, mais uma noite tinha se
estendido ate aqui e como ela sabia, acabaria ali. Ele voltaria a sua vida e
ela voltaria para dela, porque os laços ainda não tinham sido feitos e pareciam
tão distantes da realidade que todos os dias passava pela cabeça dela a vontade
de desistir de algo que não teria futuro. Mas então ele olhou para cima e
seguiu uma gota de chuva cair nos cílios dela que desceria como uma lagrima pelos
olhos fechados dela, se ele não houvesse estendido a sua mão para pega-la.
Era incrível como
apenas o toque de sua mão contra a pele dela fazia todos os seus músculos se contraírem,
fazia com que um arrepio saísse das pontas dos seus dedos dos pés e chegava ate
seu rosto para abrir um sorriso. Era incrível a influencia que ele tinha sobre
ela. Era incrível e até impossível que esse amor existisse, mas ele existia.
- Sei que não
sou bom o suficiente para você, me desculpe por isso.
Não eram mais
gotas de chuva que desciam pelo seu rosto e molhavam seu sorriso.
- Eu te amo. –
Ele disse.
- O telefone
vai estar na minha mão.
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