Para se salvar.
Sabe
quando a vida pede de mais, as pessoas estressam de mais, o mundo gira muito
rĂ¡pido, e os sonhos se tornam pesados de mais para uma pessoa sĂ³, sabe quando a
preocupaĂ§Ă£o da vida perfeita te impede de viver pelos pequenos momentos?
Ela
sabia. NĂ£o sĂ³ sabia que sofria disso tudo todas as vezes que batia a porta do
seu apartamento vazio, que andava pelos corredores jogando todos os seus
pertences e roupas no chĂ£o pensando que apenas a Ă¡gua fervente do chuveiro que
a salvaria de si mesma. E na maioria das vezes, salvava.
Parecia
que toda a negatividade escorria pelo ralo, lavada com as agulhas em forma de
gotas de Ă¡gua quentes que batiam na pele dela, mas nĂ£o ficavam para contar
histĂ³ria.
Lembrou
que o seu ex odiava o barulho do seu chinelo molhado no piso de madeira, e
sorriu porquĂª nĂ£o precisava mais se preocupar com todas as miudezas que ele
odiava. Passou o batom vermelho com o sorriso ainda no rosto, colocou o vestido
mais apertado e o salto mais alto, jĂ¡ que esse era o padrĂ£o e ela queria se
encaixar na beleza.
Ela
saiu do chuveiro uma outra pessoa, sem a cara amarrada de cansaço e sem o
desĂ¢nimo da vida, ela escreveu bem grande no espelho embaçado, como que aquele
fosse o seu mantra. Foda-se. Decidiu como quem nĂ£o quer nada que sairia hoje
para beber.
Ela
encontrou com as amigas, bebeu mais do que devia e dançou até o salto acabar
com os seus pés. Ela tinha aprendido a viver a vida sem ele, a fazer as coisas
do jeito que ela gostava, de nĂ£o se preocupar constantemente o que passava na
cabeça do cafajeste, ela aprendeu como era viver sem o amor dele, porque tinha
certeza que o amor dela ainda existia.
Tinha
se acostumado a viver de deja vĂºs que nunca aconteceram, de ver os homens da
sua vida Ă esperando de terno e gravata com um buque de girassĂ³is na mĂ£o apenas
em sonhos, de se decepcionar com tudo e com todos porque na sua cabeça tudo é
um conto de fadas, tudo Ă© perfeito e a realidade nunca deu certo com a
expectativa.
Por
isso que os banhos quentes eram tĂ£o necessĂ¡rios, ela precisava de algo
constante para se salvar.
NĂ£o
se esquece o primeiro amor, nem o segundo. O terceiro precisava fazer valer,
afinal trĂªs sempre foi o seu nĂºmero da sorte.
0 Amores
x Comente
x Comente sobre o post!
x Criticas construtivas sĂ£o bem vindas!
x Desrespeito serĂ¡ ignorado.
x Sua opiniĂ£o Ă© importante!
Obrigada,
Luiza.