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My heart.

By quarta-feira, fevereiro 18, 2015 , , ,

'and oh, itaches, but it feels oddly good to hurt'


Eu consegui sentir o meu coração batendo, estava um silêncio insuportável naquela casa que acabava sendo grande de mais só para mim. As batidas seguiam o seu ritmo próprio, não muito lento e nem muito rápido. Eu sabia que eu podia sentir, mas a certeza nunca veio.
                Era estranho eu gostar tanto do sentimento, cada batida me lembrava de uma dor diferente que eu havia deixado no passado, mas que ainda me fazia perder o fôlego. Todos os arrependimentos, os amores perdidos e as palavras nunca ditas. Nuca foi tão bom doer assim.
O telefone que nunca tocava, tocou. Já tinha passado da meia noite, tudo de ruim que poderia ter acontecido passou pela minha cabeça, e eu quase não quis atender.
- Oi, eu sei que está tarde, mas eu não consegui dormir pensando que você está tão longe.
Foi só ai que eu reparei que eu chorava porque ele significava tudo para mim, que doía porque beijos não chegavam pelo correio, que eu estava feliz, mas feliz não era o suficiente.
- Oi.
- Você estava dormindo? Desculpa, eu te ligo outra hora.
As batidas do meu coração ficaram mais intensas, eu podia sentir e ouvir. Eram as saudades que nunca acabavam, era o amor proibido e fadado a dar errado. O melhor tipo de amor, o mais intenso, o mais choroso e o mais doloroso.
- Não desligue, é bom ouvir a sua voz.
Era sempre bom ouvir a voz dele.
Então veio aquela pausa, aquele momento quando não se sabe o que dizer, momento que todos abominam, o cúmulo do desconforto. Mas não era assim para nós, era onde nós achávamos a nossa paz, eu podia ouvir a respiração pesada dele do outro lado da linha e ele, com sorte, conseguiria ouvir o meu coração batendo. Nenhuma distancia do mundo poderia nos separar, não naquele momento.
                - Você sabe que você significa tudo para mim?
                Eu sabia, às vezes não conseguia acreditar, mas eu sabia. Doía nele como sempre doeu em mim, e isso não nos fazia mais próximos porque todo o espaço entre ele e eu já tinha sido preenchido.
                - Eu sei. Eu daria o mundo para estar com você agora.
                Ele riu como se soubesse de algo e eu não. Aquela risada pela qual eu tinha me apaixonado.
                - Eu sei que está frio, mas você poderia ir lá fora por um segundo? Tem uma estrela no céu brilhando mais do que as outras, talvez você consiga ver.
                Eu me enrolei toda no cobertor e contei os passos até a porta, a grama gelada de baixo dos meus pés fez meu corpo todo arrepiar. Para mim todas as estrelas estavam iguais, uma pontada de decepção me fez suspirar perto do telefone e ele não conseguiu conter o riso.
                - Não me chame de louco, é você a culpada por não deixar meu coração acalmar.
                O sino da campainha soou atrás de mim, e eu vi ele de mala e cuia com o telefone dependurado na orelha e com o sorriso maior do que o rosto. Eu corri de volta para casa para pegar as chaves, e o portão nem tinha aberto ainda, mas eu já estava nos braços dele.
                 -Eu te amo tanto.
                Minha voz chorosa era mais dramática no telefone, mas era mais real sussurrada no ouvido dele.

                Eu conseguia sentir o coração dele bater bem perto do meu, tão perto que pareciam ser um só. Parecia não, eles eram um só. 

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