My heart.
'and oh, itaches, but it feels oddly good to hurt'
Eu consegui sentir o meu coração
batendo, estava um silêncio insuportável naquela casa que acabava sendo grande
de mais só para mim. As batidas seguiam o seu ritmo próprio, não muito lento e
nem muito rápido. Eu sabia que eu podia sentir, mas a certeza nunca veio.
Era estranho
eu gostar tanto do sentimento, cada batida me lembrava de uma dor diferente que
eu havia deixado no passado, mas que ainda me fazia perder o fôlego. Todos os
arrependimentos, os amores perdidos e as palavras nunca ditas. Nuca foi tão bom
doer assim.
O telefone que nunca tocava,
tocou. Já tinha passado da meia noite, tudo de ruim que poderia ter acontecido
passou pela minha cabeça, e eu quase não quis atender.
- Oi, eu sei que está tarde, mas
eu não consegui dormir pensando que você está tão longe.
Foi só ai que eu reparei que eu
chorava porque ele significava tudo para mim, que doía porque beijos não
chegavam pelo correio, que eu estava feliz, mas feliz não era o suficiente.
- Oi.
- Você estava dormindo? Desculpa,
eu te ligo outra hora.
As batidas do meu coração ficaram
mais intensas, eu podia sentir e ouvir. Eram as saudades que nunca acabavam,
era o amor proibido e fadado a dar errado. O melhor tipo de amor, o mais
intenso, o mais choroso e o mais doloroso.
- Não desligue, é bom ouvir a sua
voz.
Era sempre bom ouvir a voz dele.
Então veio aquela pausa, aquele
momento quando não se sabe o que dizer, momento que todos abominam, o cúmulo do
desconforto. Mas não era assim para nós, era onde nós achávamos a nossa paz, eu
podia ouvir a respiração pesada dele do outro lado da linha e ele, com sorte, conseguiria ouvir o meu coração batendo. Nenhuma distancia do mundo poderia nos
separar, não naquele momento.
- Você
sabe que você significa tudo para mim?
Eu sabia,
às vezes não conseguia acreditar, mas eu sabia. Doía nele como sempre doeu em
mim, e isso não nos fazia mais próximos porque todo o espaço entre ele e eu já
tinha sido preenchido.
- Eu
sei. Eu daria o mundo para estar com você agora.
Ele riu
como se soubesse de algo e eu não. Aquela risada pela qual eu tinha me
apaixonado.
- Eu
sei que está frio, mas você poderia ir lá fora por um segundo? Tem uma estrela
no céu brilhando mais do que as outras, talvez você consiga ver.
Eu me
enrolei toda no cobertor e contei os passos até a porta, a grama gelada de baixo
dos meus pés fez meu corpo todo arrepiar. Para mim todas as estrelas estavam
iguais, uma pontada de decepção me fez suspirar perto do telefone e ele não
conseguiu conter o riso.
- Não
me chame de louco, é você a culpada por não deixar meu coração acalmar.
O sino
da campainha soou atrás de mim, e eu vi ele de mala e cuia com o telefone
dependurado na orelha e com o sorriso maior do que o rosto. Eu corri de volta
para casa para pegar as chaves, e o portão nem tinha aberto ainda, mas eu já
estava nos braços dele.
-Eu te amo tanto.
Minha
voz chorosa era mais dramática no telefone, mas era mais real sussurrada no
ouvido dele.
Eu conseguia
sentir o coração dele bater bem perto do meu, tão perto que pareciam ser um só.
Parecia não, eles eram um só.
1 Amores
Como eu amo o jeito que voce escreve
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Luiza.