I always will.
- Eu consigo ver dois amores aqui
nesse quarto. Dois, ardentes, gritantes, dolorosos e infelizes amores.
Ele sussurrou em meu ouvido,
ainda estĆ”vamos na cama, tinha sido uma longa noite e eu nĆ£o estava pronta
ainda. Poderia dar a ele o meu corpo quantas vezes quisesse, podia dar a ele
meus sentimentos para ele usar e abusar, podia dar a ele meus problemas para
nĆ£o ter que lidar com eles, mas nĆ£o conseguia dar a ele meu amor.
Chegou a certo ponto em que eu
passei a acreditar que com um tempo o amor viria, assim como a importĆ¢ncia
veio. Mas eu nĆ£o conseguia mais lidar com as indiretas. O Ćŗnico amor que
conseguia ver naquele quarto era o que movia a esperanƧa dele.
- Eu estou cega.
Os diƔlogos eram assim, curtos e
grossos, era assim que ele costumava me chamar tambƩm. Como se eu fosse uma
pedra de gelo que nĆ£o conseguia sentir nada por ninguĆ©m e que sĆ³ se importava
com si mesma. Mas isso estava errado.
Minha compaixĆ£o era enorme, a
minha esperanƧa uma das minhas maiores aliadas, o meu carinho por tudo e por
todos se mostrava em todos os meus sorrisos, a Ćŗnica coisa que eu nĆ£o dava de
graƧa, nĆ£o deixava transparecer era o meu amor.
Ele queria a Ćŗnica coisa que eu
nĆ£o podia o dar. Nunca me disseram que nĆ£o amar seria quase tĆ£o complicado do
que nĆ£o ligar.
Chegou ate aquele ponto. Ponto
no qual ele revirou os olhos para mim. NĆ£o existem palavras bonitas para
descrever o que eu fiz. Porque eu era feliz, mesmo nĆ£o amando. O amor nĆ£o
deveria ser usado como medidor de carƔter, muito menos como requisito de
julgamento.
Apesar de tudo a persistĆŖncia
dele ascendeu algo em mim, eu sentia aquela atraĆ§Ć£o, aquele desejo de tĆŖ-lo
perto, a vontade de escutar ele me dizer em sussurros que eu era sua, mas isso
nĆ£o pode ser qualificado como amor.
Eu sabia que nĆ£o era justo. Foi por
isso que eu peguei minhas roupas do chĆ£o e sai de fininho pela porta dos fundos
em quanto ele estava no chuveiro. NĆ£o era
fria o bastante para continuar quebrando o seu coraĆ§Ć£o, eu sĆ³ nĆ£o conseguia
dizer nĆ£o quando ele chamava, quando ele pedia perdĆ£o sabendo que a culpa nĆ£o Ć©
sua.
NĆ£o quis que chegasse a esse
ponto. Eu nĆ£o era um mostro. As palavras estavam na minha boca, mas elas nunca
conseguiram sair.
Ele veio correndo atrƔs de mim,
como se tivesse sentido a minha ausĆŖncia, ele estava incrivelmente bonito correndo
atrƔs de mim como sempre corria, com a o cabelo pingando Ɣgua, sua toalha quase
caindo no meio da rua, e o desespero em seus olhos.
Eu parei quando ouvi meu nome
naquele tom choroso, mas eu nĆ£o conseguia o encarar nos olhos. Ele passou os
seus braƧos a minha volta, me trazendo aquele conforto, me fazendo sentir aquele
amor, me afogando na sua doƧura. Eu estava salva nos braƧos dele e eu implorei
em silencio para que ele nunca me soltasse.
- Eu sei que vocĆŖ nĆ£o pode me
amar, mas eu nĆ£o posso viver sem vocĆŖ. Ć
doentio ate, mas eu preciso de vocĆŖ, mesmo que seja apenas o seu fĆsico.
NĆ£o foram lagrimas que encheram
meus olhos e sim medo. Um medo insuportĆ”vel e eu nĆ£o tinha controle, nunca
tive. E nĆ£o era dele, e sim de mim mesma. Sabia que ele me tinha protegida ao
seu lado, mas eu nĆ£o sabia se queria aquilo.
Ele me apertou ainda mais em seu
abraƧo, ele me conhecia melhor do que eu conhecia a mim mesma, para ele eu nĆ£o era
preto e branco, eu era transparente. Eu nĆ£o podia simplesmente sair de perto e
continuar a minha vida fingindo nĆ£o o ter conhecido, eu nĆ£o era forte o bastante.
Ainda sim, eu nunca o amaria
como ele merece, nunca seria a mulher perfeita, nunca seria o suficiente.
- Eu nĆ£o te amo, mas sempre
amarei.
1 Amores
Lembro-me de ter passado por algo muito parecido, mas nunca, ao certo, consegui expressar o que senti em nĆ£o corresponder com o mesmo sentimento. VocĆŖ conseguiu, parabĆ©ns! :)
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x Criticas construtivas sĆ£o bem vindas!
x Desrespeito serĆ” ignorado.
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Obrigada,
Luiza.