Beijos à meia noite.
Estava escurecendo, o sol fez a
sua caminhada rotineira para trás das montanhas e ela continuava lá. Sentada na
beira do mar, se sujando de areia, sonhando mais do que conseguia aguentar.
E não se importava de estar
sozinha, mesmo que fosse noite de ano novo. Não queria nada de novo, não se
arrependia de nada pelo o que passou. Pela primeira vez em muito tempo ela se
encontrou em paz. E para que isso acontecesse ela teve de fazer muito com a sua
vida, começando pelo seu amor que ela julgava ser sempre demais.
Faltava um minuto para meia
noite. Faltava apenas um minuto. E
naquele momento a única coisa que ela conseguia pensar era em como as pessoas,
incluindo ela mesma, passam o ano todo tentando fazer o melhor de si para
chegar nesse momento e começar de novo. Como se a fita da vida se rebobinasse
todo 31 de dezembro.
Ela não acreditava em finais de
ano, ela apostava todas as suas chances nos finais do dia.
Dez...
Conseguia de longe ouvir o grito
da multidão cheio de rizadas e esperança.
E foi ai que ela sentiu falta. Sentiu falta não apenas daquele que dizia
a amar, sentiu falta também da pessoa que se tornava ao lado dele.
Nove...
Soar de tambores, aplausos por
ter sobrevivido mais um ano.
Oito...
Lembrou-se de sua mãe, irmã, tia
e tio e toda a sua família. Porque era brega e ela não se importava. Desejou a
todos eles abraços que não estaria perto para dar.
Sete...
Se levantou na intenção de pular
sete ondas. Era tradição, tirar todo mau do ano que passou e deixar o mar as
levar para longe. Pulou apenas uma onda.
Seis...
Decidiu que eram bobagem esses
amores, que felicidade nem sempre é necessária e que por mais que amasse, nesse
ano que vinha não se viraria do avesso por causa desses cafajestes.
Cinco...
E já estava quase na hora. Subiu
uma animação de dentro do seu peito, queria tornar as coisas especiais de novo,
mas a sua lista de resoluções cortou por inteiro a alegria do ano que estava
por vir.
Iria concentrar na realização de
sonhos, no trabalho e nem iria perceber a sua vida escapando dos seus dedos.
Lembrou-se de quando era criança e dizia que quando crescesse teria quatro
filhos, seria medica e se casaria com aquele bonitão da novela. O futuro é
sempre melhor aos de uma criança.
Quatro...
De longe ele a avistou, encarando
o nada, sozinha naquela praia deserta. Ele
quis correr ate lá mais de uma vez, mas não conseguia sair do lugar. O destino
o prendia no lugar. O destino dela. Porque mesmo que já tinha passado a sua
chance, mesmo que já havia cometido erros para três vidas, o seu coração era
maior que a razão.
Ele não decidiu andar ate ela ate
a contagem chegar ao três, andar não. Ele correu o máximo que podia, porque
precisava nem que fosse pela ultima vez, ter ela nos seus braços novamente.
Três...
A tristeza que acompanhava a
solidão chegou quase tarde demais. Uma ou duas lagrimas escaparam pelos seus olhos
cor de mel e não foram mais que merecidas. Afinal de contas era tudo escolha
dela, escolhas que não foram muito bem calculadas e que não trariam nenhum bem.
E ela o viu correndo, viu o amor
explodindo atrás dele em fogos de artificio adiantados e não saiu do lugar,
mesmo que isso ia contra tudo que havia dito. A saudade era demais, e o sorriso
dele tinha um poder tão grande sobre ela que guerras poderiam ser formadas.
Dois...
Ele a tirou do chão a contra
vontade, a abraçou como se fosse à primeira vez. Não disse que a amava, mas ela
sabia. Não precisava de cenário, já estava magico como era. Mas o céu se
explodiu em fogos de artificio, a multidão gritava mais a cada instante, e as sete
ondas passaram sem serem percebidas.
Como se aquele momento desse
sentido a vida dela, a tirasse do chão e a fizesse voar. No final, não foi uma
coisa ruim. E o ano que estava por vir faria esse amor valer a pena.
Um...
Os seus lábios se tocaram. Já era
2014 e ela estava amando, e dessa vez não se importou. Jogou deus e o mundo
para o alto. Afinal todos merecem ser beijados na noite de ano novo.
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