Traição.
Era noite de primavera, a brisa
fria bagunçava os cabelos, arrepiava a pele. Ela andava batendo os saltos com
raiva no chão, triste e sozinha. Ela saiu correndo do restaurante com lagrimas
nos olhos e ela sabia, tinha certeza que dessa vez ele não estava a seguindo e
não queria que ele fizesse isso, já estava cansada de ser enganada e tratada
como uma bonequinha de luxo qualquer.
Que amor que ele sentia um amor
tão grande que parecia nos olhos de todas as outras mulheres, os elogios
baratos já não eram apenas pra ela, as cantadas podres e o charme irresistível
já não fazia apenas ela derreter.
A vagabunda que ficou velha, ela se xingava,
as pessoas encaravam suas incensáveis lagrimas , a sua beleza que já era
tardia, rejeitada por um galinha, trocada por mais uma mulher de plástico.
Costumava ser poderoso como o
oceano, o seu coração, mas hoje você podia o ouvir batendo incrivelmente rápido
a quilômetros de distancia, você podia ouvir os estalos dele quebrando. E foi
ele o único homem que conseguira colocar as garras nele, a envolver de um modo
tão intenso que agora ate o simples ato de respirar era a maior tortura, foi o
único homem que a fez amar e que agora a fazia odiar.
Os seus passos eram tão lentos e
pesados que parecia nunca chegar em casa, ela adiava o encontro com ele mesmo
dando a vida por um banho quente e aquele vinho caro escondido no fundo no
guarda-roupa. Mas ela chegou, e ele estava lá segurando o seu casaco no braço,
sentado na escadaria de entrada, com os olhos baixos e um sorriso debochado.
_As
chaves estão na sua bolsa.
Ele disse simplesmente, sem
nenhuma desculpa e nenhum abraço. Ele não se arrependia nunca se arrependeu e
ela ainda era a tola que cedia aos seus caprichos. Um dia isso vai acabar um
dia o amor que você sente vai ser suficiente para dizer adeus e tudo não vai
passar de tempo desperdiçado de uma vida miserável, dizia ela em sua cabeça com
sua ironia e as lagrimas que já queriam voltar a descer.
_Você sabe, eu te amei a minha
vida toda e ainda amo. Porque nunca se contentou com isso?
Ela disse com os olhos fumegando
de raiva tacando as chaves no peito dele com mais força do que necessário. Deu as
costas para ele, marchando para lugar nenhum, precisava ficar perdida por mais
um tempo.
_Porque para se ter uma vida
feliz é preciso de dois amores.
Ele gritou na rua e ela se virou
com mais raiva ainda. Apertou os olhos para ele, deixando uma lagrima escapar
deles, o vendo andar em sua direção passar a mão em sua bochecha e depois
beijar friamente os seus lábios.
_ Você é um cafajeste, um vagabundo
qualquer que eu amo e que tive a decência de me casar, que prometeu me amar
para sempre e agora não espera por dizer na minha cara que não me ama, por
sorrir e me dizer que dormiu com ‘ela’ na noite passada. E eu te odeio tanto,
que você nem tem ideia.
Ele gargalhou com o discurso
molhado dela, colocou as chaves na mão aberta dela que se preparava para
desferir um tapa nele que nunca o acertaria e disse para depois sair a passos
largos com as mãos nos bolsos no paletó assobiando uma musica qualquer.
_Não me odeie, fique feliz eu
escolho você no final das contas. Sempre a mais bonita.
Ela saiu correndo para outra direção,
com o ódio ainda fluindo por suas veias e a segando com as lagrimas, com o amor
doendo em seu peito e a brisa fria fazendo cosquinha em seu rosto. Ela parou o
primeiro homem que apareceu na rua e o beijou, sem nem olhar para o seu rosto e
não se sentiu bem, não parecia certo e não era bom como ele descrevia.
O homem saiu assustado e ela
voltou para casa, para continuar ser aquela trouxa porque ela amava de mais e a
traição no seu final teria o seu preço a pagar.
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